Livrarias de Amsterdam e por que eu amo a Holanda

Se você me perguntar qual é o país que eu mais amo, a resposta é fácil: Holanda.

Eu tenho um carinho muito especial por esse pequenino país. Não só porque de lá saíram grandes artistas, como Van Gogh (que é meu favorito também) e Rembrandt, ou porque praticamente todo ano eles se destacam nas corridas no Runkeeper. Eu amo esse país por uma série de motivos. Vou listar alguns deles:

  • Eles fazem a melhor batata-frita que já comi em toda a minha vida;

Ok, nós temos a feijoada, nós temos o churrasco, mas, senhoras e senhores, eles têm o segredo da batata-frita perfeita! Pode ser num restaurante, num snackbar, num pub, num carrinho de rua, na feira ou mesmo da “marca do mercado”. A batata-frita deles é indiscutivelmente perfeita! Se você também é fã dessa junk food, pode ter certeza que vai sobreviver e muito bem a sua estadia por lá! Aliás, lá é o país da fritura! Eles também são famosos pelos oliebollen, que são praticamente bolinhos de chuva gigantes e polvilhados com açúcar de confeiteiro em vez de açúcar comum. Toda feirinha de rua, parques de diversão têm uma barraquinha deles.

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Batatas-fritas perfeitas sempre acompanhando os pratos – detalhe, estamos numa praia.
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Oliebollen à esquerda
  • Eles têm uma forte política sobre alergias alimentares;

Para quem ainda não sabe, eu tenho alergia ao glúten. Eu descobri esse fato um pouco antes de ir à Holanda e já estava evitando o glúten há uns dias, na época. Quando estávamos na Holanda, eu e meu marido (na época, apenas namorado) até cozinhávamos bastante no apartamento, para economizar, mas como eu estava de férias, queria também sair e conhecer lugares, restaurantes, e tal. E aí eu percebi que eles comiam muito sanduíches no almoço. E comecei a ficar preocupada. Lembro-me de ter perguntado em um restaurante se eles podiam me servir a comida sem o pão. E a partir daí tudo mudou. A garçonete, muito simpática, perguntou se havia alguma restrição alimentar da minha parte. Eu expliquei para ela e ela me deu a maior boa notícia da vida: “nós temos pão sem glúten”! Depois desse episódio, todos os restaurantes que íamos, eu olhava o cardápio (que sempre tinha menu em inglês) e todos eles informavam que havia opção sem glúten, geralmente por um preço extra, mas eu sinceramente não ligo que cobrem a mais por isso. Produtos sem glúten sempre são mais caros, e acho OK eles quererem cobrar essa diferença também. Os que não tinham versões sem glúten do mesmo prato, no cardápio pedia-se para avisar o atendente sobre qualquer alergia alimentar. Mais tarde, eu e meu marido descobrimos que essa cautela toda existente nos restaurantes é por causa da própria legislação deles sobre o assunto, que obriga os restaurantes a terem essa política. Resumo da história: foi na Holanda que passei a enxergar um futuro colorido hahaha. Vi que era totalmente possível viver sem glúten na minha dieta, desde que existisse boa vontade (minha, das indústrias alimentícias e dos estabelecimentos). Uns dias depois também descobrimos um mercado que vendia vários produtos sem glúten que era bem perto do apartamento do meu marido. Foi simplesmente felicidade em forma de comida. Isso não é gula, ok, gente? Restrições alimentares são bem chatas e podem até levar ao isolamento social. Quem se identifica? Então, poder comer sem medo, é simplesmente uma das alegrias da vida SIM!

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Onde tudo começou: “Nós temos pão sem glúten!”,  meu bagel, no restaurante Vlot, em Leiden
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Sanduíche sem glúten perfeito do Anne & Max, em Leiden
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Outro bagel sem glúten delicioso, esse do Bagels & Beans, em Leiden
  • Eles têm o Stroopwafel;

Quem já comeu o verdadeiro Stroopwafel entende o que eu quero dizer. Perdoem-me confeitarias, padarias e indústrias brasileiras. Mas ainda não temos por aqui o verdadeiro know-how para fazer essa iguaria holandesa. Pelo menos segundo a opinião do meu marido. Eu não comi nenhum aqui, por causa da minha alergia. Mas conforme a opinião dele (que eu respeito), até os da marca “do mercado” lá são mais gostosos que os feito aqui no Brasil. Acho que no Brasil as receitas têm mais “wafel” do que o “stroop” (xarope), e faz toda a diferença! AH! E eles ainda têm versões sem glúten também! (precisa dizer mais?)

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Stroopwafel sem gúten e sem lactose. Deliciosos!

Chega de comida, vamos falar de outras coisas também!

  • Eles têm bom gosto musical. Praticamente todo bar ou pub lá toca rock clássico. Gente, não tem erro!

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Saca só. Tá vendo esse barquinho mais ao centro da foto? Era uma banda de “tios” tocando rock em pleno domingo, e a moçada toda curtindo o som, dos deques, da ponte, de onde estivessem. No repertório deles tinha Another brick in the Wall, do Pink Floyd. (Precisa dizer mais de novo?)

  • Eles têm o museu do Van Gogh e vários outros museus, sobre tudo praticamente;

Sobre o Van Gogh Museum, inclusive, já rolou post aqui no blog. Se quiser, basta clicar aqui para ler. Também teve post sobre a Casa de Anne Frank. Clique aqui para lê-lo. E, finalmente, sobre o Rijksmuseum, também teve post. Clique aqui para acessá-lo.

Se achar que vale a pena, faça um cartão especial que dá acesso irrestrito por um ano para diversos museus do país inteiro. Como a Holanda é pequena, pode ser um bom investimento. O cartão é o museumkaart, e custa cerca de €60. Ele te dá acesso a mais de 400 museus no país. Se você gosta de passeios culturais como eu, invista nesse cartão! O site do museumkaart está em holandês. Sugiro que você contate seu agente de viagens para maiores informações.

Visitar museus, para mim, é uma forma de passear por histórias sem ser através dos livros. Gosto dessa associação. Não sei se todo amante de livros também é um amante de museus. Eu sou. Adoro. Infelizmente, nem pude conhecer todos que tive vontade.

Sobre outros museus que visitei, provavelmente farei post deles aqui. Um dia. Prometo. Só para vocês terem ideia de alguns museus da Holanda, além dos mencionados acima, vou listar abaixo os que visitamos:

  1. Escher in Het Paleis, que é o museu do Escher, em Haia, muito lindo e muito legal;
  2. Naturalis, Museu de História Natural de Leiden;
  3. SieboldHuis (Leiden), que é um museu que dispõe a coleção de itens japoneses de Philipp Franz von Siebold (praticamente um museu japonês na Holanda);
  4. Boerhaave Museum, um museu de ciências em Leiden;
  5. Museum Volkenkundeem Leiden, que é o Museu Nacional de Etnografia (tenho um carinho especial por ele, por ter sido o meu primeiro museu visitado na Holanda);
  6. Het SpinozaHuis (Museum Rijnsburg), que é uma casa onde o filósofo Baruch Espinoza viveu alguns anos, em Rijnsburg. Foi uma visita bem emocionante;
  7. Hortus Botanicus, em Leidein, que não é exatamente um museu, mas uma espécie de jardim botânico com aquário e com museu. Esse vale muito a pena;
  8. E por fim, mas não menos agradável, visitamos o Katwijk Museum, que é um museu que fica no centro de um pequeno vilarejo de pescadores (a praia que tem a foto das batatas fritas lá no início do post). Nesse museu, o que eu achei mais legal, foi que o atendente quis saber de onde éramos e quando dissemos que éramos do Brasil, o mais surpreendente foi ele ter nos dito que já havia navegado por toda a costa brasileira,  quando criança com seu pai, e que conheceu de Porto Alegre a Recife.
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Museu Volkenkunde
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Volkenkunde: essa foto eu tive que tirar para o meu marido, meu kendoka favorito ❤

Enfim, deu para ter uma ideia né? Existem museus de se perder a conta, e para todos os gostos! Não tem desculpa para ir à Holanda e não visitar ao menos um museu!

  • O país é simplesmente lindo e tem uma ótima qualidade de vida;
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Vista de Leiden – Netherlands

O país ficou em 6º lugar, em 2017, no Relatório Mundial da Felicidade da ONU. E essa posição não é à toa. Qualidade de vida é fundamental quando se fala em felicidade. E  isso eles têm por lá. Não é apenas pela beleza do país, mas pelo modo de saber apreciar essa beleza. Algo que nós, brasileiros, ainda precisamos aprender a cultivar, e que os EUA estão perdendo em meio à cultura demasiadamente consumista em que vivem.

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Leiden
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Leiden

Claro que várias coisas são analisadas para se chegar ao ranking final, mas os holandeses, de fato, sabem viver bem.

Na Holanda chove muito. Mas é só fazer um solzinho, esteja frio ou não, eles aproveitam cada minuto para deixarem ele essa luz contagiá-los: ou eles vão aos parques, esticam toalhas e deitam ao sol, ou eles se sentam nos decks externos dos bares e ficam bebendo (eles começam a beber cedo por lá, antes do almoço, inclusive), jogando conversa fora, saem para se exercitar, caminhar, levar o pet para passear…

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Holandeses curtindo o sol no Vondelpark

Eles têm também um hábito que achei maravilhoso, que é o de cultivar flores, de comprar flores, de ter flores em casa, arranjos nas mesas dos restaurantes…

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Flores em todos os lugares, até nos bares

Há muitas feiras na Holanda. Em Leiden havia uma no centrinho às quartas-feiras e aos sábados. Sempre tinha banca de flores lindas nas feirinhas. E as pessoas compram, simplesmente para decorar a casa.

Dando uma de brasileiros e curiosos: as janelas das casas na Holanda, além de lindas e enormes, quase nunca estão com cortinas espessas escondendo o interior da casa dos olhares alheios. Porque, bem à verdade, ninguém fica olhando, só nós, curiosos (leia-se: apenas eu e meu marido, bisbilhoteiros, ávidos para entenderem como viviam os holandeses). E gente, é bem simples. Eles não fazem questão de tapar nada porque não há nada a esconder. As casas são simples, a maioria delas com dois elementos sempre presentes: uma estante de livros e um vaso de flores frescas. É isso. Será que esse é o segredo da felicidade? Livros e flores?

  • Eles andam muito de bicicleta

Eu não sou nenhuma amante de carros, verdade seja dita. Mas é que em Londrina, é praticamente impossível viver sem carro, a menos que você tenha muito tempo disponível para ficar andando apenas de ônibus.

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Em frente aos comércios, vagas para bicicletas – sempre lotadas
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Bicicletário em frente à estação central de Leiden

Mas na Holanda eles têm o costume de andar a pé, de bicicleta, e o sistema de transporte público deles é excelente. Eles podem até reclamar. Mas na minha opinião, reclamam de barriga cheia.

Como as cidades em geral são bem planas (oras, eles estão abaixo do nível do mar!), o clima é agradável, e o transporte público funciona de verdade é praticamente desnecessário ter carro para se locomover. Aliás, para muitas pessoas, nem compensa ter carro por lá. A maioria dos prédios não conta com garagem e não se pode deixar o carro livremente nas ruas a qualquer momento e qualquer lugar. Então há um custo a mais para isso. Botando na ponta do lápis, para muitas famílias, não compensa ter carro. Sim, famílias. Porque as crianças também andam nas bicicletas dos pais.

Eu adoraria poder viver num lugar em que eu não precisasse de carro. Me adaptaria muito bem, obrigada.

  • Boa parte da população fala inglês

Isso nos leva finalmente ao cerne do post de hoje. Visitei livrarias na Holanda não apenas pelo prazer de ver livros num idioma que não entendo. Muito pelo contrário. Como a maioria fala em inglês (segundo a Wikipédia, cerca de 90% da população por lá fala inglês), as livrarias têm muuuitos títulos em inglês. E  uma das que visitamos foi a Waterstone’s. A Waterstone’s é uma rede britânica de livrarias com cerca de 250 lojas espalhadas pela Europa, a maioria no Reino Unido. Mas uma de suas lojas fica em Amsterdam. E fomos lá, claro, conferir a loja.

Nenhuma das lojas da Waterstone’s é idêntica à outra. Pelo menos é o que diz no site deles. Mas eu não tenho a menor dúvida, e por mim, coloco como um dos meus objetivos de vida visitá-las todas! Hahaha. Essa das fotos, claro, é a de Amsterdam! O “subtítulo” da loja, digamos assim, é o seguinte: “The Home of English Language Books in The Netherlands”, numa tradução livre: “A casa dos livros em língua inglesa na Holanda”. Isso é fato, pessoal!

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A loja conta com 4 pisos, onde são vendidos livros em inglês e holandês, revistas e dvds. Os gêneros literários variam de ficção à culinária. Sério, você encontra de tudo por lá: infantil, livros de viagem, sci-fi, fantasia, terror, romance, biografia, negócios, história, artes, ciência, interesse local, etc.

A loja fica num prédio projetado por um famoso arquiteto holandês, H.P. Berlage.


Outra livraria que fomos em Amsterdam foi a  The American Book Center – ABC que, como vocês podem concluir do nome, também tem um grande acervo de livros em inglês. Aliás, eles só trabalham com títulos em inglês, e desde 2015 eles se especializaram em ajudar as escolas holandesas a escolherem os livros em língua inglesa para seus alunos.

A livraria, independente e aberta em 1972, inicialmente chamava-se American Discount. E vendiam muitos livros e revistas americanas no melhor estilo “bandejão”, pois eram verdadeiras sobras das livrarias dos EUA. Nos anos 80 e 90, porém, praticamente todos esses livros de desconto haviam sido vendidos, e as duas lojas (hoje existentes ainda: uma em Amsterdam e outra em Haia), ganharam novos endereços e um staff maior. Como não havia mais os livros de desconto, não fazia muito sentido manter o nome, então sugeriram “The American Book Center”, e a ideia vingou.

A loja de Amsterdam, que é a das fotos abaixo, é constantemente citada entre as 10 livrarias mais lindas do mundo. Realmente, por fora você poderia até não achar grande coisa, eu mesma tive uma pequena decepção quando chegamos no endereço (tanto que nem tiramos foto de fora) e não conseguia entender porque havia tantas indicações para se conhecer o lugar. Até que nós entramos, e tudo fez MUITO sentido. Minhas fotos do celular não fazem muito jus ao lugar, mas dá para perceber que ela é linda, não é mesmo?

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Eu poderia escrever muito mais falando desse país maravilhoso. Mas acho que iria cansá-los e a saudade iria apertar demais aqui no meu peito.

Um dos meus sonhos é um dia retornar à Holanda com toda a minha família junto. Eu sou dessas que quando se encanta com alguma coisa tem a necessidade de partilhar com outras pessoas, principalmente com as que mais amo. Aliás, foi assim que surgiu o blog, dessa necessidade de compartilhar um pouco dos encantos que tenho em minha vida, viajando, seja por este imenso mundo, seja pelos infinitos mundos criados pelos livros.

Se você também tem essa necessidade de compartilhar as coisas boas da vida, incentivo-o a criar uma conta com esse fim. Pode ser blog, pode ser Instagram, YouTube, o que for. Simplesmente faça. É de uma satisfação sem tamanho! E se você já tem algo do tipo, não hesite em deixar o link nos comentários para mim!


 

Informações adicionais sobre a Waterstone’s de Amsterdam:

Endereço: Kalverstraat 152, 1012 XE Amsterdam, Países Baixos

Horários de funcionamento:

quinta-feira 09:30–21:00
sexta-feira 09:30–19:00
sábado 10:00–19:00
domingo 11:00–18:30
segunda-feira 10:00–18:30
terça-feira 09:30–18:30
quarta-feira 09:30–18:30

Informações adicionais sobre a livraria The American Book Center, de Amsterdam:

Endereço: Spui 12, 1012 XA Amsterdam, Países Baixos
Horários de funcionamento:
domingo 11:00–18:30
segunda-feira 12:00–20:00
terça-feira 10:00–20:00
quarta-feira 10:00–20:00
quinta-feira 10:00–20:00
sexta-feira 10:00–20:00
sábado 10:00–20:00

4 comentários

  1. Nossa, querida, como são as coisas! Acho que a Holanda é o tipo de país que ou você ama, ou você odeia! Tenho dois casais de amigos que tb viajaram para lá, mas me afirmaram não querer mais voltar. Diante de opiniões tão diferentes cheguei a seguinte conclusão: Preciso conhecer! rsrsrsrsrsrsrs

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