Caninos Brancos – Jack London

E chega ao fim o primeiro ano do Clube do Curinga, com a leitura de Caninos Brancos, de Jack London, livro selecionado pela @leiturela.

Sinopse:

Um dos escritores americanos mais traduzidos e internacionalmente populares, Jack London (1876-1916) baseou vários de seus livros nas suas próprias experiências como garimpeiro no Klondike, em 1897. Em O chamado da floresta (1903), descreveu o retorno de uma criatura “civilizada”, o cachorro Buck, à natureza em liberdade. Em Caninos brancos (1906), retrata a enorme adaptabilidade “social” de uma criatura selvagem, o cachorro-lobo do título, e o seu “progresso” gradual para a civilização. As vicissitudes de Caninos Brancos – especialmente quando consideradas em conjunto com a história de vida do criminoso Jim Hall, relatada em poucos parágrafos no capítulo final – também podem ser facilmente interpretadas como um apelo pela regeneração social dos marginais humanos.


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Sinceramente, eu nunca nem tinha ouvido falar do autor até que o livro fosse sugerido no grupo, mesmo depois eu descobrindo, conforme a própria sinopse, que se tratava de um escritor muito famoso. Infelizmente, porém, ainda que muito prestigiado o autor, esta não foi uma das minhas leituras favoritas do ano, mas é sempre muito gratificante entrar em contato com livros que eu normalmente não leria, caso não fizesse parte de um grupo de leituras.

O que eu acho maravilhoso, aliás, não só das leituras conjuntas, mas do ato de ler propriamente dito, é que cada um, com sua bagagem própria, vive uma experiência única diante do mesmíssimo livro. Pontos de uma narrativa que encantem alguém podem justamente ser o que mais desagradam o outro. Para mim, a beleza da literatura está na riqueza da diversidade de reações que o livro provoca nos leitores, e em como debater, discutir ou simplesmente expôr os sentimentos e impressões vivenciados retroalimentam a riqueza de pensamentos múltiplos e oferecem suporte para um olhar mais crítico em relação à vida e ao mundo.

Por exemplo, este mês de dezembro, ganhamos uma nova integrante no nosso clube de leituras, a Nathi, que já compartilhou conosco sua opinião sobre Caninos Brancos. Eu adorei a resenha dela, porque realmente, nada do que ela levanta ali está fora do livro, mas nossas reações diante de determinados pontos do livro são completamente opostas. E isso é ótimo, como falei acima. Foi incrível ver com outros olhos a leitura dessa história. Também já podemos conferir a resenha da @leiturela, que assim como a Nathi gostou muito do livro, e da @jujuba.literaria, cujas impressões me pareceram mais alinhadas com as minhas, mas que eu acho que conseguiu se expressar muito melhor que eu…


Minhas impressões…

Como a Nathi mesmo coloca, o livro é realmente repleto de informações, mas isso só tornou a leitura bem arrastada para mim. Fiquei terrivelmente incomodada com o número de adjetivos por vezes utilizados, criando em mim um sentimento de preciosismo frustrante em relação à escrita do autor.

O que achei mais incrível dessa leitura foi, paradoxalmente, uma das coisas que mais me incomodou: a metáfora utilizada. Já adianto que não tenho absolutamente nada contra histórias que envolvem personagens não-humanos, como é o caso de Caninos Brancos. Caninos Brancos não apenas dá o nome ao livro, mas é também o nome do protagonista – um filhote de cachorra com lobo –, ao qual acompanhamos ao longo de sua jornada de vida. É muito interessante a escolha metafórica de Jack London em retratar a ressocialização dos marginais humanos pela adaptabilidade de um animal que carrega dentro de si tanto as características de um ser domesticado (cão) quanto de um ser selvagem (lobo). Mas ao mesmo tempo, penso ser tanta presunção nossa querermos colocar um olhar humano sobre a vida animal. Não falo nem da questão de nos sensibilizarmos com as causas animais; isso é muito positivo. Mas não entendo a necessidade que temos de antropomorfizá-los, classificando-os entre o adaptável e o não adaptável, e, metaforicamente, entre o bem o mal. E o pior para mim, porém, é justamente entender que, sem levar em conta essa metáfora toda, a história não teria a menor graça e reduzir-se-ia à mera descrição de fatos da natureza e a intervenção do homem sobre ela. Será que eu me fiz entender quanto a este aborrecimento no livro? Provavelmente não.

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Em suma, embora a ideia toda da metáfora e da abordagem da ressocialização tenham me causado muita simpatia, achei a narrativa enfadonha e cuja execução é no mínimo questionável. É inegável que a obra de London tenha frases incríveis, sempre carregadas de suas adoradas figuras de linguagem, mas o uso repetitivo delas não apenas retira-lhes o impacto como tornou para mim a leitura ainda mais cansativa.

O final, porém, foi bastante agradável, o que fez valer os percalços da leitura, já que teria sido pior se eu simplesmente tivesse abandonado o livro.

Não é um livro que vou sair indicando aos quatro ventos, mas que vale a leitura para fins de conhecimento sobre o autor e questionamento do tema ressocialização.


Informações adicionais sobre o livro:

Formato: eBook Kindle

Tamanho do arquivo: 561 KB

Editora: L&PM Editores (1 de abril de 2002) – Vendido por: Amazon Serviços de Varejo do Brasil Ltda

ASIN: B00A3D9B54

8 comentários

  1. Só há pouco tempo que eu descobri que o filme foi baseado em um livro. Não li e nem assisti a adaptação. Sempre vejo algumas indicações do livro “O Lobo do Mar”. Ainda quero ler, talvez a leitura seja mais fluida que esse. ♥

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