Queria morrer, mas no céu não tem tteokbokki – Baek Sehee

Depois de concluir uma leitura que me deixou uma forte ressaca literária (alô, “Amanhã, amanhã, e ainda outro amanhã”), fiquei à procura de alguma leitura que pudesse me curar. Passei dias à procura de algum livro cuja sinopse parecesse me apetecer o suficiente para me tirar daquela inércia de não conseguir ler mais nada, pedi sugestões na caixinha do Instagram, e nada. Nada parecia interessante o suficiente. Mas agradeço de coração a todos que me mandaram sugestões. Talvez eu volte a encarar alguma delas. E além de tudo isso, teve esse livro, cujo título é trágico e cômico ao mesmo tempo, que não parava de se mostrar como sugestão de próxima leitura, tudo porque li “Amêndoas”.

O preço na plataforma do Kindle também estava atrativo, dentre outros livros que também me eram sugeridos há algum tempo, e foi o que no final acabou determinando que esse fosse o escolhido da vez. Nunca achei que o preço de um livro fosse tão crucial para decidir minha próxima leitura, e depois fiquei pensando que eu deveria simplesmente ter tentado encontrá-lo para empréstimo numa biblioteca pública daqui.

Não é que não tenha valido seu preço. Como disse, ele não estava caro. Mas o formato do livro talvez tivesse me permitido ler em casa, numa edição física, e ainda seria de graça. A verdade é que, eu gostaria de ter curtido mais o livro. Eu destaquei várias passagens, mas não era o livro que eu precisava para sair de uma ressaca, e talvez por isso tenha colocado nele expectativas que ele não pôde entregar.

Baek Sehee escreveu este livro transcrevendo literalmente os diálogos de sua terapia com seu psiquiatra, já que pediu para gravar as conversas, acrescentando ainda algumas reflexões que ela tinha em casa, depois das sessões. É, portanto, uma espécie de diário, com elevada carga de autoajuda. E a própria autora relata que o intuito dela era justamente dividir aspectos tão pessoais assim para quem sabe, ajudar outras pessoas que estejam passando por situações semelhantes. Ela foi diagnosticada com depressão e ansiedade, há pelo menos 10 anos, e continua com o tratamento, que inclui a terapia, e medicação.

Como diário-livro, gostaria de frisar que a coragem em publicá-lo é realmente admirável e um dos aspectos mais elogiosos do livro. A tradução também achei bastante agradável, muito embora eu não poderia sequer ousar em ler no original, mas o tom apresentado, que imagino já venha do texto original, é de puro acolhimento.

Enfim, embora ele não tenha curado minha ressaca literária, que ainda segue com alguns efeitos colaterais, devo dizer que é um livro que achei muito bom ter lido, até para entender e me empatizar mais com pessoas próximas que amo que sofrem também de ansiedade e depressão. Eu sinceramente não saberia dizer como é uma terapia, mas a impressão que o livro me deu é que ela é realmente uma forte aliada em tratamentos de pacientes com depressão e ansiedade, pelo menos se forem na linha conduzida pelo médico retratado.

Recomendo a leitura.

Dados Técnicos do Livro: