A Casa no Mar Cerúleo – TJ Klune – Percursos Literários

Como não se apaixonar pelas crianças extraordinárias de “A Casa no Mar Cerúleo”?

Linus Baker é um assistente social que trabalha no DEDJUM – Departamento Encarregado da Juventude Mágica, escrevendo relatórios minuciosos e tentando se manter o mais imparcial possível para elaborá-los. Esse perfil não passa despercebido pelo Altíssimo Escalão do DEDJUM, que o convoca para uma missão de alto sigilo.

Ele então é enviado a uma distante ilha, onde crianças “extremamente diferentes”, para usar o termo pejorativo do Altíssimo Escalão, vivem sob a responsabilidade de Arthur Parnassus. De lá, Baker deverá enviar relatórios semanais, com base nos quais, decidirão se o orfanato deverá ser fechado ou não.

Eu me encantei com as crianças, principalmente com Lucy, mas demorei mais a me cativar pela história do que gostaria, mesmo tendo finalizado ela com um quentinho no coração. Linus foi o principal motivo dessa demora, porque, diferente das crianças, demorei a me afeiçoar a ele, mesmo vendo que havia algo especial dentro dele também. Outras sensações na leitura também não foram tão positivas. Senti um romance um pouco forçado, sem muita química. Também não consegui sentir em momento algum uma verdadeira ameaça de nenhum dos dois lados da balança, que deveriam gerar tensão no leitor: o orfanato será fechado? Aquelas crianças são perigosas para o mundo?

Por outro lado, consigo ver a importância dessa história em muitas dimensões. Há pouco tivemos a eleição de Conselheiros Tutelares pelo Brasil, e é cada vez mais difundida a importância desses cargos e de quem os ocupa. Também acho que o livro aborda, de alguma forma, a garantia que se deve dar aos Direitos das Crianças, sobretudo de terem suas opiniões consideradas, de serem efetivamente ouvidas. E claro, não poderia deixar de fora o tema da família. Família não são apenas laços sanguíneos, claro. Família é a união de pessoas por vínculos únicos, afetivos, prontos para lutarem umas pelas outras sob quaisquer ameaças de separá-las. Tornar-se membro de uma família (e também um verdadeiro profissional) requer conhecer o mundo sob os olhos de cada um desses integrantes.

“Crianças não são animais. Você não está em um safári, de binóculos, observando tudo à distância. Como acha que vai avaliar as crianças sem reservar um tempo para conhecer todas? São pessoas, Linus. Ainda que algumas pareçam diferentes.” p. 212

Dados técnicos do livro: