Livro “Kim Jiyoung, nascida em 1982” e maio furta-cor: vamos pensar a saúde mental das mães?

Este livro chegou até mim de diversas formas. Por recomendação de amigas maravilhosas, uma mãe, outras não (obrigada, principalmente Day e Camila, por me recomendarem!), por resenhas incríveis de perfis que eu me identifico muito, e por fim, veio pelo @clubenamanita, que foi o incentivo que eu precisava para finalmente lê-lo. Mas a ironia é que não consegui terminar a tempo para o debate, além de ter me esquecido completamente de entrar no grupo para ir acompanhando as discussões, porque eu estava muito ocupada fazendo muitas outras coisas, como mulher e mãe.

O título talvez soe como o de uma biografia, se é proposital ou não, não sei, mas o livro tem esse efeito sobre as mulheres que o leem: a sensação de já ter passado por muitas das situações nele descritas, mesmo que a história se passe num país e numa cultura bem diferente, na Coreia do Sul, onde, pelo livro, a cultura é bem machista e misógina.

Sua narrativa que me lembrou um pouco “Queria morrer, mas no céu não tem tteokbokki”, embora em “Kim Jiyoung” a escrita seja bem mais desenvolvida e envolvente. Mas a comparação é porque ambos deixam no ar muita coisa, como se o leitor tivesse de pegar as informações nas entrelinhas. Leituras assim podem ser muito boas, quando as entrelinhas podem ser preenchidas por experiências pessoais similares do/a próprio/a leitor/a.

“Kim Jiyoung” me foi bem impactante. Até terminei um pouco perturbada, porque me encontrei em tantas falas e pensamentos de Jiyoung que me assustei.

Um livro que me fez refletir demais e que gostei muito, por acreditar que bons livros permitem essa imersão dentro de nossa própria história, mas de outra perspectiva, uma perspectiva crítica.

Recomendo, embora, talvez não seja um livro que sua mãe ou você, como mãe, vá ler e se sentir plena e feliz. Mas é ao mesmo tempo libertador e doloroso, encontrar livros que tragam essa dimensão crítica e não romântica para a maternidade, não é?

Ainda, maio é o mês furta-cor, como lembrado pela própria Nádia, fundadora do Clube Namanita. A campanha visa a conscientização, incentivo e cuidados sobre a saúde mental da mãe, e este é um livro que se encaixa muito bem ao abordar o tema.