Van Dog – O livro infantil mais lindo de casa

“Van Dog” chama a atenção em vários aspectos. Enfileirado numa prateleira da livraria em meio a tantos outros títulos, seu nome é curioso por conta do trocadilho com o artista neerlandês. E se essa curiosidade for o suficiente para tocar o alto de sua lombada para retirá-lo da estante, a grata surpresa de explosão de cores da capa impressiona ainda mais. Foi assim comigo.

Dando aquela breve conferida no livro antes de mostrá-lo ao meu filho, cheguei à cena final, que ilustrava não apenas uma criatura que meu filho adora (o Godzilla), mas duas. King Kong também estava lá. Talvez seja spoiler, não sei.

Van Dog, um cão pintor, sai num belo dia, para pintar. Um bocado de coisas acontecem enquanto ele se concentra em sua tela. Será que ele deu conta de ver a riqueza que foi aquele dia? O livro parece caótico, mas eu tenho certeza que é essa aparência de caos que atrai as crianças. Tanta coisa para se olhar enquanto se lê a história!

É um livro infantil no estilo “slice-of-life”, que não traz um grande enredo, mas carrega a potencialidade dentro de si. Em livre tradução, slice-of-life, seria “fatia de vida”. Histórias assim têm um breve recorte da vida, com coisas grandes ou pequenas acontecendo à volta. Eu curto muito narrativas que focam nessa perspectiva, que funciona como uma lente de aumento sobre um determinado objeto, mas revelando uma riqueza muito maior ao debruçar-se sobre esse objeto. Aqui, o foco é nesse belo dia para pintar, mas claro que o entorno de Van Dog tem esse intuito de diversão e exagero.

Eu amo esse livro por dois bons motivos. Um deles é que, como já disse, ele é belíssimo. Considero-o o livro infantil mais lindo que temos em casa no momento. As cores vivas e vibrantes dele enchem o leitor de uma alegria instantânea. Mas gosto ainda mais de como ele me lembra do meu próprio filho. Quantas e quantas vezes enquanto estou fazendo ou dizendo algo que considero importante e penso que meu filho não está prestando atenção? E eu sempre me espanto ao ver o quanto essa impressão minha não poderia estar mais equivocada.

A resposta, então, para o que Van Dog absorveu daquele dia, concentrado em seu trabalho já tem uma resposta, mas é algo totalmente diferente observar o resultado final. Até porque, a expectativa é reforçada ao leitor constantemente.

Cada vez que lemos aqui em casa Van Dog, encontramos algo novo. Estava ali o tempo todo, mas mesmo assim não havíamos notado, e essa nova percepção nos dá a sensação de maior intimidade com o livro e torna a leitura ainda mais divertida.

Se na sua casa há um pequeno artista, ou uma criança que presta atenção em tudo, mesmo quando você acha que não, esse livro é para vocês lerem juntos.