Neste mês de junho teve um grande evento na família: o casamento do meu irmão. Eu e meu marido fomos convidados como padrinhos, e como anda muito em alta, fora determinada uma paleta de cores para as madrinhas. As cores dela não estão entre as minhas favoritas e na verdade, acho até que não caem muito bem com meu tom de pele, então uma das primeiras coisas que me passou pela cabeça foi “eu preciso mesmo comprar algo que não vou mais usar depois?”.
Comecei então a busca por lojas na minha cidade que oferecessem o serviço de aluguel de vestidos de festas, e descobri que, pelo menos aqui em Londrina, existem uma quantia considerável delas. Como o catálogo completo nem sempre se encontra disponível nos sites e mídias sociais dessas lojas, e eu não estava encontrando nenhum vestido que atendesse o pedido da paleta + encontrar meu tamanho + ser adequado à proposta de traje social completo (longo, no caso das madrinhas), somado ao fato de que algumas das lojas/estúdios requerem ainda um agendamento prévio, também cheguei a sondar sites de compras de itens de segunda mão. Nestes eu me surpreendi com o preço bem em conta de alguns vestidos, mas também fiquei com medo de o barato sair caro, porque nem sempre o vestido se encontra realmente como nas fotos. Cheguei a recorrer também aos famosos sites de compras chineses, que também têm vestidos muito em conta; mas por uma série de motivos pessoais, quis fugir deles.
Acho que é quase impossível escapar totalmente do problema da questionável mão de obra barata no setor têxtil/confecção, da forma como as coisas são hoje, mas alguma coisa dentro de mim não se sentiu confortável em partir para esta alternativa. Não quero ser hipócrita e dizer que nunca comprei roupas nesses sites. Comprei, sim, mas cada vez que me chegam notícias sobre denúncias no setor, sinto-me de alguma forma culpada por incentivar (e participar dessa cadeia) não apenas (d)um consumismo exacerbado, mas principalmente (d)a exploração do trabalho humano, muitas vezes em condições análogas à escravidão e/ou infantil.
É, complicado. Como eu disse… é difícil escapar totalmente disso. Eu ainda compro roupas de grandes marcas, das quais volta e meia saem notícias de trabalho escravo ou infantil envolvendo-as. Aí mudamos de loja/marca, e lá vem outra notícia envolvendo-a também.
No final, decidi-me pelo aluguel. Encontrei uma loja que dispensava agendamento (o que facilita muito para uma mãe com filho pequeno, acreditem), e fui conferir pessoalmente os vestidos disponíveis. Fiz as provas e retirei no dia contratado. Ficou super em conta. Rolou uma insegurança no processo? Sim. De achar que talvez as outras madrinhas estivessem mais bem vestidas, que talvez a cor não fosse exatamente dentro da paleta pedida, que talvez tivesse sido melhor comprar, porque aí teria mais controle sobre verificar o estado da peça com mais frequência, ah, uma porção de minhocas do tipo passaram pela minha cabeça!
Mas no final, deu tudo certo, o vestido era lindo, e, de alguma forma, ainda que pequena, eu quebrei o ciclo do consumismo desenfreado, que é o que acaba impulsionando a mão de obra barata, já que é preciso produzir muito e o mais rápido possível, gastando-se o menos possível mas lucrando o máximo possível. Descobri também que posso colocar meus próprios vestidos parados à disposição para aluguel, e ainda ganhar uma porcentagem do valor. Só vi vantagens. Às vezes a gente tem que sair um pouco da mentalidade dominante para tentar começar a mudar o mundo, devagar, mas de algum lugar: partindo de nós mesmos.

Vocês pensam e aplicam o consumo sustentável de alguma forma?
Esse texto foi pensado propondo um pouco mais sobre a moda sustentável, mas pode se estender a tudo que consumimos.
Outras formas de pôr em prática a moda sustentável, por exemplo, é produzir apenas sob demanda. Muitas lojas online funcionam assim. Elas têm um perfil mais “slow fashion”. Você não pode esperar fazer o pedido hoje e amanhã a roupa chegar na sua casa pela transportadora. A peça vai passar por toda a cadeia de produção primeiro, quando seu pedido for confirmado pela loja. Dá até a sensação de algo mais especial chegando até você, não é verdade? E é especial mesmo.
Deixe no comentário uma prática sua que colabora com a economia sustentável.
Que idéia inteligente você teve!
Aprendi com você, obrigada.
Muita Paz
Catarina 🎻
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