Leitura do mês de novembro para o Clube do Curinga, de escolha da Day (@leiturela) foi uma opção bem acertada para essa época de fim de ano, que costuma ser corrida, mesmo em tempos de pandemia.
Sinopse:
“É na cozinha que Tita, a protagonista, passa a maior parte do tempo. Sua vida está relacionada aos pratos que afetuosamente prepara. Este romance narra a história de Tita desde o seu nascimento em um rancho no norte do México, com destaque para sua juventude, o amor por Pedro, e a missão de cuidar da dominadora Mãe Elena. O tempero combina a revolução mexicana no início do século XX com o realismo fantástico marcante na literatura latino-americana. Uma obra para ser apreciada em todos os sentidos.”
Mesclando aromas, sabores e temperos com a narrativa, estamos diante de uma obra que é pura sinestesia.
Cada capítulo abre com a receita de algum prato que, acredito eu, seja típico da região norte do México, e conforme a história vai se desenrolando, o modo de preparo da iguaria mistura-se com os próprios eventos; é até dessa forma que o título do livro, “como água para chocolate” surge em meio à narração. Essa foi a característica da obra que mais me atraiu, pela criatividade na escrita, o que deu à leitura uma maior fluidez e dinamicidade. Além disso, como já dito, foi uma escolha acertada para quem está com pouco tempo para ler, porque é um livro bem curto.
“Como água para chocolate” é também um romance de realismo fantástico, o que pode pegar desprevenido quem nunca leu nada com as características que marcam essa corrente por seus inúmeros absurdos da história. Por outro lado, justamente por ser tão marcante, me parece um ótimo livro para se aventurar pela primeira vez por esse tipo de narrativa.
Tita, a protagonista, apaixona-se por Pedro. Tita, porém, é a caçula da família, e sua tradição manda que ela não se case para cuidar de sua mãe até o fim da vida. Quando Pedro pede à Mãe Elena a mão de Tita, ela não permite o casamento, mas oferece a filha mais velha no lugar, Rosaura, e Pedro aceita, acreditando ser a única forma de estar perto da mulher que realmente ama, sob o mesmo teto. Essa decisão obviamente não traz paz de espírito a Tita, que vai se refugiar nos afazeres da cozinha, onde desde criança encontra prazer ao cozinhar. Os pratos preparados por Tita, inclusive para o casamento do amor de sua vida com sua irmã, porém, parecem exercer algum poder sobre aqueles que deles degustam.
Como pano de fundo, ainda, tem-se a Revolução Mexicana, marcando uma crítica ao cenário político e que ganha ainda mais destaque com as absurdas decisões da Mãe Elena. Afinal, em meio a tanta coisa acontecendo no país, a conduta da mãe parece desproporcionalmente irracional e retrógrada. Nessa postura também, acredito haver uma crítica à hipocrisia existente no seio familiar em muitos lares, e não apenas no México.
Não estou muito acostumada a ler livros que se enquadram no realismo fantástico, mas essa obra deixou algumas de suas características bem mais claras para mim, evidenciando que a realidade pode ser realmente muitas vezes mais absurda que a própria fantasia. Não favoritei a leitura e tive reações bastante fortes diante de tanta loucura, mas recomendo o livro, que é bem conhecido, nem que seja para, como eu, conhecer um pouco melhor a literatura latino-americana, sobretudo da primeira metade do século XX, em que temos a forte presença do realismo mágico.
Dados Técnicos do Livro:
Formato : eBook Kindle Autora: Laura Esquível Editora : Edições Best Bolso; 1ª edição (27 novembro 2015) Número de páginas : 219 páginas – Tamanho do arquivo : 1955 KB ASIN : B018SSS1NI Edição adquirida através do site Amazon do Brasil |
Com todas as loucuras, o livro parece bem interessante!
Me fez lembrar o filme japonês “Mother”
CurtirCurtir
Esse livro é lindo! Li há uns anos, amei
CurtirCurtir