Pipa, um cara especial e Lucrécia – Henrique German

Antes de mais nada, gostaria de enfatizar que fiquei muito feliz de receber em parceria os primeiros livros voltados para o público infantil, agora que essa será uma preocupação minha por um bom tempo, afinal, sempre bati na tecla aqui no blog que se deve ler para seus filhos, quando eu mesma sequer os tinha. Mas, a partir do momento em que me tornei mãe, aumentou minha preocupação quanto ao hábito de leitura ser cultivado desde cedo. Quão cedo? Sinceramente, não sou nenhuma especialista, e algumas pessoas podem até achar que estou exagerando, mas eu venho praticando a leitura com meu filho desde que ele estava na barriga. 

Sempre falam da importância de se conversar com seu bebê quando ele está ainda no útero, porque ele vai conhecendo a voz de sua mãe (o pai ou companheiro/a também pode participar desses momentos), que será uma voz que naturalmente trará conforto ao bebê quando deixar o ambiente uterino.

Depois, porém que meu filho nasceu, eu já venho lendo para ele também um pouco. Quando ele está calmo, consigo ler com ele no berço. Enquanto vou contando a história, desenvolvo um pouco mais conversando, o que independente de haver livro ou não, acho uma prática muito legal, que aumenta ainda mais nosso vínculo afetivo e, novamente, a importância da voz como estímulo, conforto, mas, aqui também, como tradição oral da leitura. Como ele ainda é muito novo, sei que não enxerga muito bem, mas livros infantis tendem a ser bem coloridos, então vou virando as páginas para ele, e, coincidência ou não, ele fica bem concentrado no livro enquanto o folheio. Mais pra frente tenho certeza que esses momentos de leitura serão ainda mais prazerosos, tanto para mim quanto para ele.

Mas, enfim, vamos às impressões dos livros recebidos pela Páginas Editora, do autor Henrique German.


Pipa, um cara especial

Pipa é um pica-pau que tem o bico torto. Até começar a frequentar a escola e conhecer novos colegas, ele não havia se dado conta de que era um pica-pau especial. No começo, essa diferença o incomoda e o deixa triste, porque seus companheiros de classe fazem a maior gozação do bico torto dele. Porém, essa diferença vem a se mostrar uma qualidade muito especial, que fará com que Pipa não apenas se aceite tal como é e se ame como também conquista o respeito e carinho de toda a turma também.


Lucrécia

Lucrécia é uma joaninha que adora brincar com sua irmã mais nova e suas duas melhores amigas, uma centopeia e uma borboleta. Suas brincadeiras mais recorrentes são patinar, pique, bola queimada e arco e flecha. Não demora muito a percebermos que Lucrécia precisa da ajuda de suas amigas e irmã para fazer as coisas, porque não enxerga muito bem. Essa dificuldade fica ainda mais evidente quando a joaninha passa a frequentar a escola e isso prejudica seu aprendizado. Felizmente, com ajuda profissional médica, esse impasse é resolvido, e Lucrécia ganha autonomia nas brincadeiras e tarefas escolares bem como tem a autoestima restaurada.


Tanto Pipa, um cara especial quanto Lucrécia são livros que abordam o tema da inclusão, principalmente no âmbito escolar, que costuma ser o primeiro impacto do confronto do “olhar-se para si com os olhos do outro”. O tema, porém, pode ser facilmente trabalhado pelos pais durante a leitura de forma a expandi-lo para a convivência social como um todo.

Enquanto em Pipa, um cara especial, temos uma condição inalterável que fará parte por toda a vida do personagem, em Lucrécia temos uma barreira que pode ser removida com a ajuda de aparatos. Seja como for, a leitura de ambos proporciona às crianças pensar sobre a inclusão de pessoas com todas e quaisquer habilidades, primeiramente no ambiente escolar, e, dali em diante, nas várias situações sociais que elas irão experimentar. Leituras assim são muito importantes para que desde cedo as crianças desenvolvam empatia e consciência pela equidade, afinal, assim podem entender que haverá colegas que talvez precisem de uma atenção maior para ter suas demandas atendidas e as mesmas oportunidades de aprendizado e interação, com o cuidado do autor de lembrar que essas condições não são fatores limitantes se a sociedade estiver preparada para lidar com elas, ou que podem mostrar-se verdadeiras qualidades que tornam as pessoas muito especiais.

Simplesmente amei as duas histórias! Lindamente ilustradas pela Mariana Tavares, cujo olhar sensível sobre os sentimentos dos personagens saltará aos olhos de qualquer criança, todo esse colorido só vem a enriquecer ainda mais a experiência de leitura para os pequenos.

Aqui em casa, claro, como meu filho ainda é muito pequeno, a leitura serviu como forma de interação, de conversa, de troca de olhares e de experimentação de novas palavras, novas cadências e cores; um momento muito importante entre mãe e filho desvinculado da ideia da amamentação, já que, como bem aborda Michèle Petit em A arte de ler, a oralidade tem grande papel na tomada do gosto pela leitura.

Tenho certeza que mais para frente irei retornar a estes dois livros e explorá-los em momentos distintos da fase de crescimento do meu filho.

Quem já tem filhos maiores, de 5 a 8 anos, ficam aqui todas minhas recomendações!

Você pode adquirir os livros pelo site da editora.

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