Vi muita gente comentando sobre este livro, que já esteve bastante na hype, mas ainda causa burburinhos por aí.
Tanto é verdade que este foi o livro escolhido pela Lu Ferreira para ser debatido no Clube do Livro #001, do projeto Hábitos que Abraçam. Fui ler motivada por essa Leitura Coletiva – LC, muito embora eu não seja assinante e nem pretenda ser no momento (alô, din din 💸). Minha edição foi um recebido, no meu último ano como parceira do Grupo Editorial Record (2020, mais especificamente), e o livro ficou parado aqui desde então. Uma ideia que eu tinha era lê-lo no falecido Clube do Curinga, mas ele acabou encerrando suas atividades antes que a LC pudesse acontecer; e tudo bem ter sido assim. Poderia ter sido diferente? Creio que sim, mas não é algo que eu lamente profundamente, a ponto de causar qualquer tipo de arrependimento em mim.
Aliás, falando em arrependimento, você, leitor(a), gostaria de ter feito algo diferente na sua vida?
É exatamente sobre isso a história deste livro.

Gostaria, antes de mais nada, alertar que o livro e a sinopse abaixo podem conter temas sensíveis a algumas pessoas, como suicídio. Se o tema for um gatilho emocional e/ou desconfortável para o leitor, lembre-se sempre de procurar ajuda profissional para lidar com o tema, e consultar se esta é uma leitura que cabe ou não no momento.
Centro de Valorização da Vida
Disponível 24 horas por telefone e no seguinte horário por chat: Dom – 17h à 01h, Seg a Qui – 09h à 01h, Sex – 15h às 23h, Sáb – 16h à 01h.
Ligue: 188
Sinopse:
Nora Seed é uma mulher com seus 30 e tantos anos que diz colecionar arrependimentos. Mas antes que uma tragédia ocorra, uma chance lhe é oferecida: ela pode escolher viver todas as vidas que ela gostaria de ter vivido, houvesse ela tomado decisões diferentes em diferentes momentos de sua vida. Cada vida “paralela” à sua vida raiz é representada por um livro, e há uma biblioteca com infinitos livros. Tudo se passa à meia-noite, sem que o tempo real transcorra. Será que Nora finalmente encontrará o livro, e portanto, a vida que lhe fará feliz? A vida que ela quer, de fato, viver?
Desabafo e impressões da leitura:
Eu não sei vocês, mas eu sinceramente, apesar de ter desejado muitas vezes ter feito algumas coisas diferentes, considero-me uma sortuda. Mesmo antes de ler o livro e me ver atravessando as infinitas possibilidades de uma vida, através da personagem de Nora Seed, nunca lamentei nada a ponto de ficar me perguntando se minha vida teria sido melhor se tivesse feito ou não determinada coisa. E não é tanto exatamente porque só coisas boas me aconteceram. Algumas coisas ruins aconteceram também, claro. Como acontece com todo mundo, acredito. Talvez ter frequentado um curso que nunca foi um sonho de verdade ou sequer uma vocação, ou aquele relacionamento ruim que tive, ou outro que poderia ter simplesmente sido e nunca foi. Ter guardado mais dinheiro ali ou cá, para ter feito uma viagem exuberante naquela época, ou talvez ter tido filho mais cedo, ter ido a mais festas ou conhecido mais pessoas… me parecem arrependimentos bastante OKs. Mas muito insignificantes para querer escolher um outro “livro” de uma outra vida.
Mas eu sei que existem pessoas que talvez lamentem demais alguma coisa, ou, se não lamentam exatamente, fiquem se perguntando como a vida teria sido, se tivessem feito algo diferente, tomado decisões diferentes.
Uma vez, conversando com minha avó, ela abriu seu coração e começou a me dizer exatamente coisas assim. Quis acalmá-la tentando lhe fazer entender que, justamente, houvessem as coisas sido diferentes, então outros “e se…?” existiriam. Se abrirmos espaço para questionamentos assim, talvez eles nunca parem de surgir, mas uma coisa que eu penso é que, talvez, se perguntando tanto assim sobre as outras vidas que não foram, a gente viva menos a vida que é, a vida que está sendo.
Este não foi um livro favoritado. Há partes nele um pouco maçantes – o que me parece absolutamente comum em histórias que abordem o tema de vidas “paralelas” ou afim -, e apesar de não ultrapassar uma página, o autor extrapolou um pouco a ideia de infinidade de possibilidades. Eu entendi o ponto que ele quis levantar, mas ficou cansativo e achei desnecessária sua extensão. Mas estaria mentindo se dissesse que não curti o livro. Na verdade, ele levou 4 estrelas de mim no Goodreads. Eu curti bastante a vibe filosófica e introspectiva dele (Nora é uma entusiasta da filosofia); me fez relembrar da minha trajetória como leitora, cuja adolescência foi regada de livros justamente como os do Jostein Gaarder. E apesar do desfecho que era muito óbvio, eu não conseguia parar de ler, porque queria ver aquele final acontecendo. Um livro que faz isso com a gente tem seus créditos, não? Tem um “quê” a mais.

08
“Acho que é fácil imaginar que existem caminhos mais fáceis. (…) Mas talvez não existam caminhos fáceis. Só caminhos.“
Dados técnicos do livro:
- Capa comum: 308 páginas
- Autor: Matt Haig
- Editora: Bertrand Brasil; 8ª edição (27 setembro 2021)
- Título original: The midnight library
- Tradução: Adriana Fidalgo
- ISBN-10: 6558380544 – ISBN-13: 978-6558380542