“As coisas como elas são”… esse título dá o que pensar. Chegaremos lá.
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Sinopse:
“Rosie e Penn têm quatro filhos. Ao engravidar mais uma vez, Rosie torce para enfim ter uma menina, mas em vão: nasce Claude, um garotinho que cresce saudável e feliz, demonstrando amor, curiosidade e inteligência genuínos, e que enche a família de orgulho. Porém, logo cedo na infância, ele revela o desejo de usar vestidos, além de querer ter o cabelo comprido. Os pais, sempre buscando a felicidade dos filhos, encaram de coração aberto a realidade de terem uma criança transgênero. Dessa forma, Claude se torna Poppy. Ela é a mesma criança amorosa, curiosa e inteligente, mas não está livre do perigo e dos preconceitos. Quando Rosie atende, no hospital em que trabalha, uma universitária trans que foi espancada por alunos de uma fraternidade, ela decide que a cidade em que vivem é perigosa para Poppy e decide mudar toda a família a fim de proteger a filha. Com a mudança, uma nova chance se apresenta. Na nova cidade, ninguém nunca ouviu falar de Claude, apenas Poppy. Rosie e Penn decidem, então, manter essa informação em segredo. Por um tempo, sua filha cresce protegida, mas as tensões em torno desse segredo aumentam, e a verdade vem à tona. Quando a bolha de proteção estoura, Poppy e sua família precisam encarar a realidade de um mundo desconhecido, cheio de dúvida, medo e angústia, e aprender a lidar com os novos desafios de uma pré-adolescência incomum.”
Minhas impressões sobre o livro:
Do meu lugar de mãe, sempre me pergunto se serei capaz de dar todo o suporte pro meu filho que ele precisar para crescer sentindo-se amado, independente de quem ele venha a se tornar. Então essa foi mais uma leitura que veio para somar nessa jornada, criando ainda mais reflexões sobre nossa relação mãe e filho.
Na história, Rosie e Penn se conhecem como nos romances literários. Amigos em comum arranjam um encontro, e, de alguma forma misteriosa que só a magia de uma deliciosa narrativa dá conta de fazer, eles já vão se apaixonando um pelo outro antes mesmo de se conhecerem. Se amam tanto que formam uma família com 4 meninos, e alimentam secretamente, um do outro, o desejo de ter uma menina. Eis que o quinto menino vem ao mundo: o bebê Claude. Lindo, saudável e muito inteligente. Uma família numerosa; zero tédio e muitas manias para os pais administrar. E então Claude quer ir de vestido à escola um dia. Perguntado um dia sobre o que queria ser quando crescer, ele diz “quero ser menina” e depois: “quero ser chamada de Poppy”. E o que já não era nem um pouco entediante, passa a ser uma grande questão, mesmo que o casal Walsh-Adams tente tratá-la como se não fosse.
Sim, esta é a história de um garotinho que de repente vem a se tornar uma garotinha. Mas é muito mais. É uma história de amor, de dúvidas, de busca, e de tudo que, como a autora mesma diz em sua nota, “faz você querer escrever um livro”. Não para contar às pessoas as coisas como ela são, mas talvez como ainda não são. Para inspirar as pessoas de alguma forma, para provocar reflexão, ou uma mudança de perspectiva, nem que seja plantando sementes que pouco a pouco abram a mente, uma por uma das pessoas.
Acompanhamos nesta linda história toda a dinâmica de uma criança que nasceu menino, mas se identifica como menina, até ser confrontada com a dura dicotomia do que as pessoas entendem por menina e por menino. Uma crise se instala, causando uma grande turbulência na família, e num dado momento o foco do livro passa a tentar levar o leitor a pensar que opostos nem sempre são tão preto no branco, e às vezes, tudo o que precisamos é um pouco de espaço para deixar as coisas um pouco mais abertas a novas possibilidades.
Eu amei trilhar a jornada junto com a família Walsh-Adams. Dei muitas risadas, e também chorei muito. Foi uma leitura que exigiu mais tempo de mim, mesmo não sendo extensa, porque ela é densa e complexa à sua própria maneira, mas igualmente maravilhosa.
Tentei reproduzir algumas reflexões do livro aqui, sem dar spoilers, mas sigo falhando miseravelmente. Por isso, deixo fotos da contracapa, que fala um pouco mais do livro. Eu espero que mais pessoas leiam o livro, para poder conversar mais sobre ele de maneira mais fluida.


E claro, para dar o devido prestígio ao livro, aqui vão algumas citações dele:
“- Por que uma história iria querer fazer alguém chorar? – perguntou Ben, sempre mais sério que os irmãos. – Pelos mesmos motivos que você pode querer chorar – disse Penn. – Você chora e depois se sente melhor. Seu dodói para de doer. Seus sentimentos machucam menos. Às vezes, você se sente triste e assustado, e aí ouve uma história triste e assustadora, e depois se sente menos triste e menos assustado”.
“Como é possível ensinar para o seu pequeno ser humano que o importante é a essência quando a verdade é que todo mundo se preocupa bastante com a aparência também?”
“Poppy não era uma coisa ou um problema, não precisava ser tolerada como uma gripe. Gripes podem ser irritantes, é claro, mas basta comprar uma caixa de lenços, pegar um livro sobre zumbis e ficar na cama por dois dias. Ninguém morre. Coisas desse tipo devem ser toleradas. Crianças devem ser celebradas.”
Comecei o livro no app do Kindle, mas fui me apaixonando tanto pelo livro que achei que ele tinha que vir morar na estante de casa e acabei adquirindo a edição física, do qual trago os dados técnicos abaixo.
Dados Técnicos do Livro:
- Capa comum: 368 páginas
- Autora: Laurie Frankel
- Editora: HarperCollins; 1ª edição (14 outubro 2019)
- ISBN-10: 8595081735 – ISBN-13: 978-8595081734
- Título original: This is how it always is
- Tradução: Paula Dutra
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