Tributo a Andre Matos

Hoje, Andre estaria completando 52 anos. Sua obra musical fez parte da minha adolescência, e foi crescendo junto de mim, transformando-se conforme eu mesma também amadurecia. Ainda hoje, ouço suas melodias, sua voz, e elas retumbam dentro de mim, me pegando desprevenida muitas vezes, ainda emocionada, sem acreditar que esse grande artista partiu tão cedo.

Tão influente foi em minha formação, que foi impossível não acomodar suas músicas até nas lidas da maternidade. Naoki, meu filho, hoje com 2 anos e 11 meses, mostra-se entusiasmado com o maestro do Heavy Metal, seja admirando o pôster que tenho atrás da porta do nosso escritório aqui em casa, seja reproduzindo, à sua maneira, as músicas da carreira de Andre. Tão querida é sua figura, que o apelidamos carinhosamente aqui em casa de “Tio Dé”.

E, então, estou finalmente lendo “Andre Matos: a obra”. Finalmente não por conta da alta demanda de TBRs da vida, mas porque houve um verdadeiro atraso no lançamento pela editora, devido a demora na gráfica. Mas, ainda que tenha tardado, estou muito feliz de ter essa edição em mãos. Ela é lindíssima, digna do capricho e cautela que Andre exibia com suas obras.

Lendo-a, tomei conhecimento de uma curiosidade que não havia me atentado até então. Nunca soube explicar muito bem porque as letras de suas músicas, por mais tristes ou pesadas que as melodias pudessem ser, me causavam uma sensação tão boa. Acontece que Andre “[…], com o tempo, passou a ser reconhecido por letras que, mesmo abordando tópicos sensíveis, tendiam a apresentar soluções para os impasses e angústias da vida.” (p. 26)

Hoje, em dia, por exemplo, quando sou confrontada com a ideia de que nunca mais terei a honra e prazer de poder assistir a um show de Andre ao vivo, vejo como seu legado se fez forte, imprimindo os melhores sentimentos no meu filho, que ainda sequer completou 3 anos de idade, mas já identifica a fisionomia, o timbre, e sabe cantar trechos de músicas do Maestro. Também me lembro daquela máxima, que cresci lendo nos livros de Jostein Gaarder, de que somos todos feitos da mesma matéria das estrelas. Tudo tem um ciclo. Quando um se encerra, outro começa. E algumas pessoas se fazem eternas, porque deixam seus rastros estelares por toda parte, no coração das pessoas, nas músicas que são passadas de geração em geração.

Na letra da música “I will return”, assim como muitos outros fãs, me consolo com a ideia de que, mesmo quando deixou este plano, Andre Matos continuará existindo, através de sua vasta obra, ainda que, verdadeiramente, a letra não trate de sua morte. “[M]as muitas vezes as músicas ganham vida própria e significados que o autor original não esperava encontrar quando compôs”. (p. 350), e é o caso aqui:

“And if I tell you that our hearts are free again,
You’ll know I will return
So many stars are born each and everyday
You’ll know I will return
Back forever more”

Tradução (extraída do livro):

“E se eu te disser que nossos corações estão livres novamente,

Você saberá que eu retornarei

Tantas estrelas nascem todos os dias

Você saberá que eu retornarei

Estarei de volta para sempre” (p. 353)

Obrigada, Andre Matos, por sua jornada ter permeado a minha jornada e a de muitas outras pessoas. Sua positividade para com a vida deixou frutos incomensuráveis e segue nos inspirando fortemente. Você é luz.

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