Seu jeito de soltar fumaça – Ricardo Motomura

Quanta honra a minha de ler uma obra escrita por um conterrâneo nesta parceria com a Oasys Cultural. Honra maior ainda ao terminar a leitura como um livro favoritado e que gostaria de recomendar a todos, colocando minha cidade de Londrina no cenário literário. Muito obrigada pela cuidadosa curadoria de sempre, Valéria e Luana, da @oasyscultural.

Minhas impressões da leitura:

Nunca fumei na vida, mas é um hábito que nos cerca em diversos lugares, sobretudo no ambiente acadêmico e profissional. Também nunca fui de reparar como as pessoas expelem a fumaça ao fumar, mas acho que é, de alguma forma, do conhecimento geral que bastam poucos minutos para se fumar um cigarro.

E é assim que se desenrolam os capítulos de “Seu jeito de soltar fumaça”, como breves pausas feitas por um tabagista. Mas, em vez de uma rápida saída para acender um cigarro, parágrafos que vão contando a história de Ângelo, trazendo pouco a pouco revelações ao narrador personagem e ao leitor.

Ângelo viveu sua infância na cidade de Londrina – PR (de onde também lhes escrevo este texto), mas depois de um desentendimento com o pai, resolve deixar a casa, rumando a São Paulo sem nenhum plano traçado. Ainda assim, seu retorno à cidade natal leva 20 anos, motivado pela morte da mãe. E a morte sempre vem acompanhada de histórias e memórias, às vezes, desconhecidas por quem fica.

Este é um drama familiar que me envolveu de muitas formas. Um dos motivos, claro, é porque sempre pendi mais para esse tipo de narrativa. Dramas familiares são minha zona de conforto literária. Outro motivo é a própria ambientação, que me faz olhar com um carinho ainda mais especial para minha Londrina. Somado a este fato, outras duas cidades se colocam como vértices de uma triangulação geográfica que coincide com à de minha própria trajetória: São Paulo e Curitiba, cidades que sempre visitei, e que remetem diretamente à minha própria infância. Foi uma leitura muito nostálgica neste aspecto, que fiz ainda embalada pelas músicas mencionadas no livro, e que também estiveram presentes em minha adolescência.

Mas o mérito maior, claro, é da própria sensibilidade do autor, ao nos oferecer os encontros e desencontros de Ângelo na vida, que têm muito em comum com a minha vida, com a sua vida, com a vida de todos nós.

Embora eu recomende muito este livro aos meus conterrâneos, “Seu jeito de soltar a fumaça” é uma obra que cativará leitores de todos os lugares, de forma a deixá-los, com o perdão do trocadilho, muitas vezes sem fôlego, e talvez com lágrimas nos olhos.

Dados Técnicos do Livro: