Mês do Orgulho LGBT com leitura infantil

O Dia do Orgulho LGBTQIA+ é celebrado mundialmente no dia 28 de junho, por conta da Rebelião de Stonewall. Stonewall era como era chamado carinhosamente o Stonewall Inn, um bar gay, que no dia 28 de junho de 1969 teve uma batida policial que fugiu de seu controle, com muitos frequentadores do bar e pessoas do bairro reagindo à violência da polícia na reprimenda. A resposta das pessoas tornou-se um marco histórico na luta pelos direitos das pessoas LGBT nos EUA, mas também pelo mundo.

Como vocês podem ter notado, este ano até agora tivemos poucas resenhas de livros que eu li. E o motivo é bem simples: não tenho conseguido ler muito.

Por outro lado, as leituras com Naoki nunca estiveram tão abundantes e diversificadas. Aproveitando o mês do Orgulho LGBT e a vasta diversidade de livros da biblioteca pública de Kingston, ON, Canadá, selecionei um livro para ler com meu filho: ‘Twas the Night Before Pride (Era a Noite antes do Orgulho, em tradução livre).

Recorte da contracapa do livro. Em livre tradução: *Orgulho é o dia que significa “Juntos, somos fortes!”*

Foi um livro que Naoki gostou muito, com todo o colorido, e até com um breve histórico sobre o ocorrido em Stonewall.

Ele me perguntou porque a criança na história tinha duas mamães e disse que ele não tinha duas. Não falou com tom de absurdo, mas de mero divertimento com a ideia, então, acho que a mensagem apropriada do livro para a idade dele foi passada: as muitas configurações possíveis de uma família, e que as pessoas devem ser livres para amar.

Lembrei-o também das faixas coloridas de pedestres da cidade e dos adesivos de arco-íris, que são manifestações de que a cidade de Kingston acolhe todos.

Sei que não é tudo tão lindo quanto parece, e que inclusive, no ano passado, em Kingston, houve uma pequena manifestação contra o Pride Day, mas foi um burburinho, que felizmente, não ganhou nem volume nem adesão. Mas é por causa dessas manifestações que livros infantis assim são importantes, para que desde pequenos possamos ensinar nossos filhos que devemos apoiar as causas LGBT e lutar pelos direitos de todas as pessoas amarem livremente e serem respeitadas, independente de sua orientação sexual.

No livro, a história é narrada pela própria criança, que foi promovido a irmão mais velho, e que quer contar toda a história a sua irmãzinha, Sammy, enquanto se preparam no dia anterior, para a manifestação no Dia do Orgulho LGBT. Quando chega o dia, a empolgação de todos na família é grande, e a criança está muito feliz de estar lá com suas mães, mas é gostoso de ver a alegria da antecipação de uma criança para um evento especial, sabe? Acho que Naoki, em algum lugar dentro dele, se identificou muito com isso, e acho que também é o que mais me identifiquei no livro.

A alegria da criança é contagiante mesmo, e dá para sentir seu orgulho queer só pelas ilustrações. Exceto pelas partes quando são narradas as rebeliões de Stonewall, o livro realmente passa muito essa imagem positiva e reforça a ideia de que juntos, somos mais fortes. É tanta alegria, sorrisos e cores que ficamos muito cativados ao término da leitura, com Naoki ainda finalizando com um sonoro e sincero “gostei, mamãe!”, sem eu nem mesmo lhe perguntar o que ele achou do livro.

Essa não foi a primeira leitura LGBT que fiz pro Naoki, mas foi a mais explícita. Embora nosso núcleo familiar seja tradicional: pai, mãe, filho, é um tipo de leitura que considero não apenas importante, mas obrigatória, sobretudo num mundo que ainda tem muito preconceito a enfrentar. Que comecemos desde pequeno a inclui-los na luta.

Dados Técnicos do Livro: