Como mãe de menino, uma preocupação recorrente que tenho é a de educar meu filho para que se torne alguém que saiba que existem muitas inverdades sobre o que culturalmente se entende por “homem”. Estou falando da cultura do machismo, sim. E acredito que ela é moldada desde a infância, mesmo em coisas pequenas como “meninos vestem azul e meninas vestem rosa”. Parece bobagem, mas eu não penso assim.
Meninos crescem muitas vezes acreditando que não podem chorar, não podem ser vulneráveis, não podem ser sensíveis. E que grande prejuízo temos quando esses meninos vêm a se tornar homens que foram privados de expor suas emoções. Pior ainda, muitos crescem acreditando que para ser “homem de verdade”, é preciso agir com violência em certos casos, confundindo assertividade com brutalidade.
Mas felizmente, acredito demais que a semente da mudança está nesses próprios meninos. Se eles souberem que têm muito mais liberdade do que imaginam. Se entenderem que ser forte vai muito além da força física. Ser forte, grande parte das vezes, tem mais a ver com seguir as próprias convicções. Mas para isso, precisamos deixar que eles formem suas convicções de maneira sincera. Menino não engole choro. Menino também fica triste, e não há nada de errado em permitir-se chorar se a tristeza assim lhe pedir.
E livros como “When you’re a boy” (Quando você é um menino, em livre tradução) trazem essa proposta, de mostrar aos meninos que existem muitas formas de ser um garoto.
O livro começa:
“When you’re a boy,
you’re told how to be
like the white-roaring oceans.
But I’ve learned
the fierceness of flowers,
the glory of color,
and the beauty of dreaming.“
Em livre tradução:
“Quando você é um garoto,
lhe dizem como ser
como os oceanos brancos e rugidores.
Mas eu aprendi
a ferocidade das flores,
a glória das cores,
e a beleza de sonhar.”
E é nessa direção que o livro segue, expondo exemplos do que se espera de garotos, mas contrapondo com algo infinitamente mais belo e imponente.

Esse livro ainda não li exatamente com meu filho. Acredito que seja uma daquelas leituras que precisa ser feita com uma edição física, com suas ilustrações bem grandes, acessíveis à criança, porque as imagens, com sua delicadeza, exprimem igualmente uma grande potência narrativa.
Eu o recitei enquanto ele desenhava, mas alguns trechos chamaram atenção dele o suficiente para que largasse um pouco as canetinhas e me pedisse para descrever melhor o que estava acontecendo na cena. E eu acho isso simplesmente maravilhoso e enriquecedor. É o tipo de livro que gostaria muito de ter em casa. Ele será lançado em novembro deste ano (2025), mas já se encontra em pré-venda na Amazon.
A narrativa do livro é poética, como se pode ver, pelo trecho que trouxe acima, conferindo um livro com poucas palavras, de fácil retenção para a criança, mas um enorme poder de reflexão e ensinamentos.
Espero ansiosamente por esse livro.
Dados Técnicos do Livro:
- Capa dura: 32 páginas
- Autor e ilustrador: Blake Nuto
- Editora: Jolly Fish Press (18 novembro 2025)
- Idioma: Inglês
- ISBN-10: 1631639870 – ISBN-13: 978-1631639876
Amei a resenha, mas amei sobretudo você contando que leu para seu filho enquanto ele desenhava e como ele parava para ouvir. Que experiência enriquecedora!!
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Hahaha, ler para si mesmo já é uma experiência e tanto, né? Mas eu acho maravilhoso isso de ler para os outros (sobretudo crianças).
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