Mayflower Bookshop – a livraria internacional de Leiden

Quando se viaja com criança pequena, o estilo de viagem muda. Passa-se daquela típica viagem em casal que quer colocar o máximo de coisas na programação (como se quisesse riscar uma checklist enorme de pontos turísticos) para passeios mais tranquilos e bem menos engessados (ou mais abertos a surpresas).

Então, no primeiro dia em que acordamos em Leiden – a cidade holandesa que escolhemos para passar uma semana das nossas férias de julho -, nossa manhã transcorreu sem pressa. Acordamos, tomamos um café da manhã, e então saímos para caminhar em direção ao “De Burcht”, ou o Castelo de Leiden, que vou falar num próximo post.

No caminho, encontramos a livraria Mayflower Bookshop, esbanjando charme. Assim, irresistível, claro que decidi entrar.

Repararam que tem um *wall poem* dentro da própria livraria? Esse, em neerlandês, claro!

Essa é, aliás, a única livraria internacional de Leiden, ou pelo menos é disso que a livraria se orgulha. Por internacional, entenda-se que o leitor poderá encontrar livros em inglês, enquanto, aparentemente, as demais livrarias da cidade vendem apenas livros em neerlandês. Não entramos em outra livraria para conferir, mas pelas vitrines, exibindo livros apenas em neerlandês, dá para confiar na afirmação da Mayflower.

Em 2021, eles abriram também outra loja em Haia, onde seguem a mesma proposta, de livros internacionais. Em ambas, você encontra livros de gêneros variados, em edições novas ou de segunda mão, além de outros itens para quem curte o mundo literário de forma mais ampla (cadernos, ecobags, jogos, etc.).

Abaixo coloquei fotos de alguns achados para se ter uma ideia: livros do gênero ficção de cura – que estão em alta -, livros sobre Rembrandt (o artista morou em Leiden, e claro que eles se gabam disso – com toda razão!) e um jogo temático de Jane Austen.

Fiquei um bom tempo na seção infantil com meu filho e acabei não vendo toda a loja, mas assim que entrei, me deparei com um exemplar de “Alice no País das Maravilhas” que estava há bastante tempo na minha lista de desejados.

— Um parênteses aqui. Eu coleciono edições de Alice, para quem não sabe. Aliás, eu vivo recebendo ofertas (principalmente através do contato aqui do blog) de pessoas querendo me vender coleções particulares das quais estão se desfazendo. Agradeço muito, e aproveito a oportunidade para esclarecer que não é assim que a coleção funciona para mim. Eu não quero apenas ter os livros. Se assim fosse, bastaria eu sair comprando por aí, temos Amazon, afinal. Eu gosto muito também da forma como cada edição chega a mim. Algumas foram presentes, mas, curiosamente, muitas foram adquiridas assim, em viagem, quando eu não estava procurando ativamente por nenhuma edição específica de Alice. Sinto como se o livro é que estivesse esperando por mim lá, o tempo todo – ok, pode me chamar de louca, “mas somos todos loucos aqui”, apropriando-me do dito do Gato de Cheshire. —

Também comprei um livro infantil pro Naoki, e apesar de haver muitos livros interessantes, eu optei por um livro de autoria neerlandesa, e que também é um clássico infantil: um livro da Miffy*.

Eu amo descobrir livrarias durante passeios desapressados, mas essa daqui eu realmente deixei anotado para uma provável visita. No fim, o passeio foi melhor ainda que o imaginado.

*O autor e ilustrador dos livros da Miffy chama-se Dick Bruna, e sua famosa personagem foi criada em 1955. Pelo que soube, houve até um processo pelo estúdio de Dick Bruna alegando plágio pela Sanrio, pela personagem Cathy (também uma coelhinha). A Sanrio retirou a personagem de circulação e pagou pelas custas judiciais ao autor. No entanto, após um desastre natural no Japão, o autor teria doado todo o valor recebido pela ação judicial às vítimas desse desastre.
Achei o caso curioso o suficiente para compartilhar com vocês. Fui atrás de saber, porque eu passei quase toda minha vida acreditando que a Miffy era uma personagem da Sanrio, pela confusão criada. Eu tive acesso a livros da Miffy em japonês quando era criança, por ter frequentado uma escola de tradição japonesa em minha cidade, e pela semelhança dos traços, por também estar sempre cercada de outros produtos com personagens da Sanrio, sobretudo a Hello Kitty, sempre achei que eram do mesmo estúdio.