Nove Desconhecidos – Liane Moriarty (Caixa de Fevereiro – Intrínsecos)

A caixinha de Fevereiro do Clube Intrínsecos não poderia ter chegado num momento mais afortunado!

Eu havia acabado de terminar a leitura de um livro, e nem tive que me preocupar em esmiuçar minha estante repleta de livros para decidir a próxima leitura. Fui buscar as correspondências na portaria e que surpresa boa! Lá estava a caixinha de fevereiro!

Abri a caixinha e sorri imediatamente quando vi de quem era o livro inédito! Liane Moriarty!

Eu havia lido Pequenas Grandes Mentiras e adorei! Fiquei ensaiando um tempão de comprar outro livro da escritora australiana, mas, assim como tantas outras promessas literárias, essa acabou ficando para trás. Que bom que a caixinha de fevereiro/2019 resolveu esse impasse!

Sinopse:

São nove estranhos, dez dias e um sem-numero de surpresas. Cada qual por uma razão, eles compram um pacote de estadia no spa Tranquillum House, um balneário remoto ao norte de Sidney, na Austrália, a fim de se desintoxicar da própria vida — curar um luto, perder peso, lidar com a crise no casamento. Em comum, todos querem um pouco de paz, e o programa intitulado ”retiro exclusivo de dez dias para transformação total da mente e corpo” parece ideal. A aposta em meditação, ioga, terapias alternativas e alimentação saudável, sem álcool ou droga, naturalmente, tem tudo para ser uma escolha acertada. Quem nos conta isso é uma das internas, Frances Welty, uma escritora de meia-idade de best-sellers românticos apegada a aforismo literários que só quer esquecer o golpe que sofreu em seu ultimo relacionamento.”Vocês não vão ser mais as pessoas que são agora” é uma das promessas do spa. No inicio, a reação de todos é muito parecida: os nove então desconhecidos respondem de forma exultante aos tratamentos — inclusive a família Marconi, que passa no spa o aniversario de uma data marcante na vida dos três, o pai Napoleon, a mãe, Heather, e a filha, Zoe. E Carmel Schneider, 39 anos, desiludida e recém-divorciada. E Tony Hogburn, 56 anos, viciado em remédios para emagrecer. E Ben e Jessica Chandler, que chegam para solucionar uma crise no casamento. Todos reagem de forma eufórica aos primeiros estímulos. Mas só depois vão descobrir por que. E tudo o que parecia tão certo, de repente, torna-se a causa de angústias infinitas e laços inesperados: o excesso de regras do espaço, o controle absoluto dos internos, o clima de mistério… Com sarcasmo, ironia e humor mais ácido do que limonada sem açúcar, a autora questiona as promessas de transformação que se tornaram um  dos novos tempos e a obsessão com a qual algumas pessoas parecem se agarrar a elas, provocando ainda reflexões originais sobre o luto, o trauma e a recuperação.

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Minhas impressões sobre o livro:

Adorei ver uma história bem diferente de Pequenas Grandes Mentiras. Moriarty se mostrou uma escritora versátil, divertida, mas que também sabe abordar temas tabus com sensibilidade.

Assim como em Pequenas Grandes Mentiras, há uma interação entre vários personagens, todos com uma história que vai sendo revelada aos poucos para o leitor. Os personagens têm profundidade, e eu me apego a todos aqueles que são hóspedes na Tranquillum House. Como não rir com as falas e pensamentos de Frances? Como não querer descobrir qual é a de Tony? E quanto ao casal Ben e Jessica? O que há de errado com eles? E por que Carmel é tão obsessiva com seu corpo? E o que leva os Marconi a irem passar em família, férias num spa? Depois que sabemos o que leva cada um deles até a Tranquillum House, não há como não se simpatizar com eles. Os demais personagens são também bem convincentes em sua construção, o que torna todos os sentimentos de nós, leitores, legítimos: raiva, apreensão, tensão…

A história dá uma guinada inesperada um pouco depois da metade do livro. Uma guinada que me surpreendeu positivamente. Pela sinopse, já sabemos que Moriarty iria de alguma forma guiar a história para uma abordagem crítica sobre “transformações milagrosas”, mas o caminho que a trama toma me pegou despreparada, e eu achei isso incrível.

Moriarty quis criar um universo fechado, e bem, ela conseguiu, com muito sucesso. De algum modo, a premissa me lembrou um pouco do livro Assombro, do Chuck Palahniuk, mas sem a parte do canibalismo, sem a parte de que cada um dos personagens pretendia escrever a obra de suas vidas, e bem… sem as partes nojentas e grotescas que Palahniuk. Bom, talvez não sobre muita coisa para comparar, mas até meu marido que só me ouviu falar dos dois livros (e nunca leu nenhum deles) fez a mesma associação por conta própria. Claro que ele tem informações extras, porque ele não liga para spoilers, mas enfim. Caso vocês não saibam, Assombro é um livro de contos de Chuck Palahniuk, autor que ficou famoso, assim como Moriarty, após ter uma de suas obras adaptada (no caso dele, o filme Clube da Luta, no caso de Moriarty, a minissérie premiada Pequenas Grandes Mentiras). Em Assombro, um grupo de pessoas vê um anúncio de um retiro para escritores e voluntariamente se inscrevem para participar desse retiro, onde acreditam que irão escrever a obra de suas vidas. Mas nada é como imaginavam. Nesse ponto, com certeza há semelhanças com Nove Desconhecidos. Os 9 estranhos subestimaram as ideias de transformação do Tranquillum House, e nada será como eles imaginavam.

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Minhas impressões sobre o kit de fevereiro/2019:

Bom, vou começar revelando os itens do kit, além do livro edição capa dura, da cor mais linda para mim até o momento:

• um marcador de páginas personalizado do livro;
• um cartão postal com a imagem da capa da edição do livro que saíra nas livrarias;
• um cartão que traz o cronograma diário personalizado da Tranquillum House (uma brincadeira sensacional, já que no livro, cada personagem recebia o seu diariamente);
• a revistinha do mês, com a sinopse e outros conteúdos que irei discorrer abaixo;
• uma toalhinha de rosto

Como uma pessoa relativamente ativa fisicamente falando, eu gostei da toalhinha de rosto, que, aliás, já tive a oportunidade de levá-lo numa de minhas incursões à academia. A toalhinha podia vir com um bordado, um emblema da “Tranquillum House”, só para continuar a brincadeira do cronograma diário…

Creio que foi uma das caixinhas com itens mais sem graça que recebi até agora.  Só não acho justo reclamar porque, céus!, o livro escolhido foi o da Liane Moriarty! Mas eu pensei em inúmeras coisas que eles podiam ter posto junto no kit: alguns chás (que sempre estão associados com tratamentos, terapias, etc), uma daquelas bolinhas de massagem para pés e mãos; um sachezinho de lavanda para perfumar o ambiente,  ou quem sabe velas aromáticas, incensos… enfim. Pelo menos a toalhinha já teve sua utilidade (e continuará tendo) aqui em casa!

Da revistinha, eu quis deixar para falar por último, porque gostei MUITO do conteúdo dela. Tem o depoimento do poeta Ramon Nunes Mello, sobre sua experiência positiva num retiro de silêncio; uma breve HQ de Bruno Maron com “Os Adequadinhos”, que eu adorei conhecer; uma análise crítica cultural por Daniel Schenker; o perfil da autora, com algumas curiosidades, como sempre há nas revistinhas; um texto de Mariana Filgueiras, discorrendo sobre uma playlist com tema de estrelas e luar; e, por fim, o que eu mais gostei, várias receitas de sucos saudáveis desenvolvidas pela especialista Carol Perdigão. Caso vocês se interessem pelas receitas, deixem aí nos comentários, que eu trarei um post com algumas delas! Nesse calor, vale a pena, hein!

Ah, o livro deve sair à venda nas livrarias em abril na edição capa comum.

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