Minha sexta e penúltima leitura para o projeto Mulheres Continentais foi representando o Continente América do Norte, com Octavia Butler, a dama da ficção científica. Foi meu primeiro contato com a obra dessa autora, e podem ter certeza que agora quero ler tudo que essa mulher escreveu!
Optei por Kindred: Laços de Sangue por ser o que mais eu via o pessoal comentando e resenhando, inclusive o @rodrigoeoslivros resenhou ele há algum tempo já, e posso dizer que fiquei muito contente com minha escolha, mesmo que me falte qualquer parâmetro para comparar com outros livros da autora. O que eu quis dizer é que agora entendo perfeitamente porque tanta gente fala desse livro com tantos elogios, que é exatamente o que eu pretendo fazer aqui também neste post.
Sinopse:
Em seu vigésimo sexto aniversário, Dana e seu marido estão de mudança para um novo apartamento. Em meio a pilhas de livros e caixas abertas, ela começa a se sentir tonta e cai de joelhos, nauseada. Então, o mundo se despedaça. Dana repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta a seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida… até acontecer de novo. E de novo. Quanto mais tempo passa no século XIX, numa Maryland pré-Guerra Civil – um lugar perigoso para uma mulher negra –, mais consciente Dana fica de que sua vida pode acabar antes mesmo de ter começado.
Minhas Impressões sobre o livro:
A escrita de Octavia Butler em Kindred é bastante simples, o que torna a leitura muito fluida e agradável. Um livro que é fácil de pegar e difícil de largar.
No livro, a autora brinca com linha temporal, mas sem se preocupar em desenvolver sua teoria sobre viagem no tempo, o que me agrada muito, porque, embora eu tenha desenvolvido o gosto por ficções científicas, ainda prefiro sci-fis que foquem mais nas relações interpessoais, na profundidade dos personagens, que na aparência de cientificidade em si: quanto menos jargão técnico, mais incrível eu acho a obra.
No caso, o foco está justamente na abordagem da escravidão, sobretudo pela perspectiva feminina.

Dana é uma mulher negra que vive no ano de 1976 e que se vê, em várias situações, transportada diretamente ao século XIX, em pleno período escravista. Embora ela consiga estabelecer a relação de causa que a leve para o passado e que a traga de volta ao seu presente, ela logo compreende também que tem muito pouco controle sobre isso. Mas pior mesmo é quando ela percebe que tem muito pouco controle sobre sua própria vida e sua liberdade quando se vê lançada à condição de escrava. Dana é tomada por um misto indescritível de sentimentos: raiva, impotência, medo e indignação, para nomear apenas alguns.
Um livro incrível que trata do racismo, de empoderamento feminino, escravidão e divisão de classe de forma facilmente assimilável e, ainda assim, de forma muito tocante. Para quem não sabe, Butler é uma autora negra, a primeira a ganhar destaque no cenário da literatura de ficção científica, ainda predominantemente tomado por homens. Só por este dado, creio que a leitura de Kindred já valeria uma investida. Se isso não for o suficiente para convencer o leitor, saiba ainda que Butler já recebeu um dos maiores prêmios do gênero, o Hugo Awards, dentre outros, e foi homenageada no Hall da Fama da Ficção Científica em Seattle.
A edição toda está além de belíssima, perfeita! Recomento a leitura completa do material extra; a nota da editora brasileira, ao final, em poucas palavras, diz muito!
Bacana também é que o livro já vem com uma série de questões que podem ser debatidas após a leitura, e fiquei pensando que teria dado uma bela leitura em conjunto.
Informações adicionais sobre o livro:
Capa comum: 432 páginas
Editora: Morro Branco; Edição: 1ª (2 de outubro de 2017)
ISBN-10: 8592795192 – ISBN-13: 978-8592795191
Título Original: Kindred
Livro adquirido em site da Amazon.
Anotado!!! Tantas leituras pendentes …
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Oies! Eu não sou a maior fã de sci-fi, mas esse livro me tocou de uma forma tão profunda, e super concordo com a sua fala: “foquem mais nas relações interpessoais, na profundidade dos personagens, que na aparência de cientificidade em si: quanto menos jargão técnico, mais incrível eu acho a obra”. Eu tbm tenho muita vontade de ler os demais livros da autora, apesar de sempre ficar perdida com a quantidade de lançamentos por aqui e por identificar qual livro pertence a qual série, hahaha.
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Hahaha, eu tb fico bem perdida hein. Terei que separar um tempo só pra olhar certinho a lista de obras e entender a ordem
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