Por favor, me digam que não sou apenas eu que fico com “lombriga” de comer pratos que aparecem em séries, filmes, ou descritos em livros!
Recentemente estive em viagem nos EUA (o que vai me render diversos novos próximos posts – eba!), e, em visita a um pequeno bairro de San Diego, Califórnia, chamado Little Italy, não resisti à tentação de provar uma iguaria que aparece logo no primeiro livro da série “Desventuras em Série”. Talvez lendo o livro em si eu não tivesse me apetecido tanto. Mas quem viu o episódio na Netflix deve ter ficado com água na boca também.
Desventuras em série é uma obra imperdível para crianças e adultos, tanto os livros quanto a série da Netflix. Na versão escrita, são 13 livros ao todo, assinadas por Lemony Snicket, pseudônimo de Daniel Handler, em que nos é contada a triste história das crianças Baudelaire: Sunny, Violet e Klaus são três irmãos que se tornam órfãos após um suspeito incêndio que atinge a casa deles. Sem nenhum parente muito próximo para ficar com a tutela das crianças – que também herdam uma enorme fortuna – acabam caindo nas mãos do terrível Conde Olaf, um ator fracassado, incompetente e vil (decidi economizar nos adjetivos) que faz de tudo para pôr as mãos na herança dos irmãos Baudelaire.

No primeiro livro da série, Mau Começo, as crianças saem para ir à praia se divertir um pouco e lá recebem a lamentável notícia do Sr. Poe, um funcionário do banco, de que a casa onde moravam foi incendiada e que eles perderam os pais. Tão logo é providenciado que as crianças sejam então levadas pelo próprio Sr. Poe ao seu novo tutor, que é ninguém menos que Conde Olaf já indevidamente descrito acima.
Sr. Poe deixa os órfãos na imunda casa de Conde Olaf, que já lhes distribui tarefas, mostra-lhes o quarto – com apenas uma pequena cama velha para os três -, e diz que quer a janta pronta porque receberá sua trupe.
Os Baudelaire nunca cozinharam na vida. Mas todos os três irmãos sempre foram crianças muito curiosas, inteligentes e criativas. Assim, com a ajuda da vizinha, a simpática juíza Strauss, que lhes deixa à vontade em sua casa e sua linda biblioteca, eles encontram uma receita aparentemente simples e põe a mão na massa: o prato, me perdoem o péssimo óbvio trocadilho de antes: macarrão a puttanesca.
Na série, é visível que todos da trupe adoraram o jantar (e está visualmente tão apetitoso, que você também irá concordar comigo), ainda que digam o contrário. O Conde Olaf é uma exceção. Ele só faz reclamar das crianças, porque ele é uma pessoa (pode alguém como ele ser chamado de pessoa???) repugnante.
Então, sim, quando tive a chance de jantar num legítimo bairro italiano, eu quis matar minha vontade de comer a tal da pasta puttanesca.
Little Italy é um bairro bem pequeno e charmosinho de San Diego. O Bairro ficou assim conhecido porque foi povoado por pescadores italianos que vieram de São Francisco (também na Califórnia) após um terremoto que lá ocorreu. Basicamente há apenas uma rua principal, com diversos restaurantes. A minha recomendação é que se vá à noite para jantar, já que as casas contam com cartas de vinhos e a rua fica mais elegante com aquele ar boêmio e romântico da noite.

San Diego é uma cidade muito bonita que merece ao menos duas pernoites. Assim, se tiver a chance de ir à cidade, pelo menos uma das noites vá jantar em Little Italy. Ele não é um bairro tão badalado quanto o famoso Gaslamp, mas talvez eu tenha gostado mais dele exatamente por isso, é um lugar muito mais tranquilo, bem a cara minha e do meu marido, os “loucos dos livros e livrarias”.
Vou deixar a recomendação do restaurante que fui, claro. Mas tenho certeza que é uma dica excelente, a menos que você prefira casas mais chiques, que você poderá encontrar no bairro também sem problemas.
Solunto, localizado na 1643 India St. San Diego – CA, é ao mesmo tempo um restaurante e uma padaria, com pratos e também um balcão de iguarias de doces e sorvetes artesanais. Como fomos à noite, acabamos pedindo massas de janta – e eles têm todas as massas em opção sem glúten também, para minha felicidade! Houve muita dúvida quanto ao que pedir. Tudo parecia tão delicioso só de se ler o menu… (só de lembrar fico com fome). Mas então, veio-me aquela “lembrança literária” da Puttanesca dos Baudelaire, e mesmo não sendo muito fã de azeitonas, tive que provar o prato. Pedi então do cardápio o penne alla puttanesca, sem glúten para mim! Meu irmão foi mais tradicional e quis provar spaghetti con polpettine, e meu marido penne ai 4 formaggi com frango. Imagino que todos os pratos estavam muito bons, pelos comentários e caras deles.
Assim como em todos os restaurantes da Califórnia, a água é servida sem custo, a diferença é que nem sempre levam à mesa se você não pedir. No Solunto, porém, eles não só levam como te servem, mas há opções de vinhos para tornar a noite sempre mais agradável. O atendimento é muito bom, são bem atenciosos, pelo menos na parte do restaurante, e os garçons falam italiano (e inglês, claro!), então, essa pode ser uma excelente oportunidade de treinar seu italiano sem sair da América.
O lugar é simples, mas bonitinho. Tem um ambiente alegre, descontraído e bastante agradável. Como não pedimos bebida, os pratos, sem as sobremesas ficaram ao todo U$ 39.00 + taxas. Achei um ótimo preço, considerando que não estávamos comendo lanche ou hambúrguer, e sim uma comida fresca e maravilhosa. A casa estava cheia, mas aparentemente a rotatividade é grande, pois não tivemos de esperar para sentar, o que também foi um dos fatores que nos fez decidir por este restaurante, além do combo preço+comida+ambiente.
Na parte na padaria, embora meu irmão e meu marido tenham pedido sobremesa, ninguém nos explicou que logo que se pede o costume é de já pagar pelo doce. Então houve uma pequena confusão, porque acreditávamos que o preço seria incluído na conta da mesa, o que não aconteceu. Descobri só porque depois de pagarmos o jantar e finalmente termos nos dirigido ao caixa da padaria, observei que as pessoas tão logo pediam no balcão se dirigiam ao caixa para pagar.
Tirando esse pequeno revés, devo afirmar categoricamente que foi o melhor molho de tomate que já comi da minha vida, e meu irmão reforça a afirmação. Com certeza vai demorar a provarmos um macarrão tão saboroso assim. Quem sabe agora só quando formos realmente a Itália, non è vero?
Dicas: chegue em Little Italy um pouco antes do horário da janta para pegar as lojinhas abertas e passear por lá. Procure um estacionamento desses que tem preço fixo independente do número de horas (flat). Nós encontramos um que era U$8.00 flat e depois demos mais U$1.00 de “gorjeta”.
*Peço desculpas por não ter nenhuma foto do livro. Li a série toda emprestada. Os treze livros estão na minha wishlist e espero muito um dia poder comprar! Peço desculpas também pela péssima qualidade da foto do meu prato. Mas como já disse, posso garantir que estava absolutamente divino! 🙂
Dica ano tads para a proxima viagem a San Diego. 😍❤️
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Isa, da mesma forma, também gostamos muito de San Diego, voltaremos lá aproveitando sua dica.
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Babei o teclado aqui, e a culpa é sua, Isa.
Por acaso, há resenha da “Desventuras” por aqui? O que sei é que as crianças passam o inferno com o conde. É bom? Vale a leitura? Aquela caixa com a coleção deu comichão de compra.
As casas parecem bonitas na foto da rua. A descrição do restaurante e tudo mais, encantador. E eu já imaginava que a massa fresca feita no dia, com o molho fresco preparado de modo a perder a acidez, o verdadeiro molho de tomate e pasta italiana, seriam de sabor inigualáveis.
Este é o tipo de lugar que eu gosto de ir, pouca badalação e muita coisa boa!
Sem trocadilho, mas é muito gostoso ler os posts deste blog. Encanto e inspiração me tomam, como um perfume de café fresco no fim de tarde em casa após um dia inteiro na rua.
Suas viagens também são nossa alegria! hahaha
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Hahaha, fico feliz que tenha gostado do post, de chegar a babar!
Então, não fiz resenha, porque quando li, ainda nem pensava na ideia do blog.
Eu gosto muito da série. Se você quiser saber se vai gostar do estilo, uma boa dica é assistir o primeiro eps. da série na Netflix, porque acho que o tom ficou perfeito, tanto da atmosfera criada quanto da narrativa. É bem similar. Eu sou o tipo de pessoa que gosta de um humor bobo, entende? Não gosto desses tipo de humor escrachado ou que as pessoas precisam ofender outrem. O humor do “Snicket” é peculiar. É um humor que coloca o adulto como idiota e crianças como sábias, porque seriam coisas óbvias, mas que os adultos se recusam a ver (acontece na vida real, só não tão exagerado, talvez). Ele também brinca muito com a estrutura do texto, que você que entende de poesia pode ser que curta.
Quanto à comida, realmente… comida feita assim, com o máximo de ingredientes não-industrializados aguçam nosso paladar. Eu queria às vezes ser descendente de italianos, que tenho amigos que todo domingo por exemplo vão à casa da avó comer uma bela macarronada, com aquele molho sugo caseiro perfeito cuja receita passa de geração em geração, sabe? Hahahaha, mas minhas avós não eram italianas, claro, e também nunca foram exímias cozinheiras. Uma pena.
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A dica do episódio é boa, vou assisti-lo.
Gosto de todo tipo de humor, mas gosto do fino. Escrachado ou indireto, com ofensa ou sem, o humor é uma arte refinada, a meu ver. E pede portanto sensibilidade, inteligência e experiência (para o tipo que eu gosto).
Esse do Snicket já me interessou. Lembrei da Mafalda ou do Calvin, das tirinhas de jornal.
Além da brasileira, duas comidas são minhas preferidas no mundo: italiana e japonesa. Massas, legumes, queijo e molhos, peixe cru, algas, vegetais e shoyo!
Ah, isso sim é comida… kkkkk
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