Outubro não foi um mês muito produtivo para mim em vários aspectos: li menos que o normal, às vezes ficava dias sem ler, paralisada pela exaustão do sentimento de sobrecarga, mas ao mesmo tempo cheia de uma ansiedade e uma inquietação por não estar lendo tanto e tudo o que eu queria, e, sinceridade seja dita, tive um desânimo muito grande por continuar escrevendo os posts aqui no blog e no Instagram. Já havia visto várias pessoas se abrindo em relação a essa mesma falta de motivação, e sempre achei que não aconteceria comigo, quando todo nosso trabalho parece não ter propósito algum.
Felizmente, parte dessa improdutividade foi embora com a leitura de eu tenho sérios poemas mentais: a parte da ansiedade. Lembro que no dia em que peguei o livro para ler, eu estava tendo um episódio de crise de ansiedade. Meus pensamentos e batimentos cardíacos estavam extremamente acelerados, eu chorava e sentia uma preocupação irracional. De algum modo, porém, consegui lembrar de algumas formas de desacelerar e, além de respirar fundo, fui correndo buscar um livro que aparentasse transmitir paz, e então me deparei com o livro de Pedro Salomão. Não foi um encontro tão casual assim, é verdade, porque poemas sempre fizeram parte da minha vida nos piores momentos. Eles sempre preencheram espaços vazios e me devolveram sentido, nexo, tranquilidade e esperança. Eu procurei conscientemente um livro de poesias, e eu sabia que ainda estava em dívida com a leitura deste livro.
E foi, então, imergindo nas páginas dele que aos poucos minha ansiedade foi se dissipando. Senti-me abraçada com as palavras de Salomão e de volta a mim mesma:
“Quando uma poesia
Toca você
Não te faz avançar
Te faz retornar.”
O livro em si já é muito belo, com um projeto gráfico que potencializa os versos e ilustrações impressos em suas páginas ora brancas ora azuis, oferecendo ao leitor uma experiência sensorial riquíssima, pois para mim, a poesia de Salomão é principalmente visual, e na hora, era tudo o que eu precisava, algo que mudasse o foco dos meus pensamentos acelerados para imagens estáticas que meu cérebro pudesse compreender e transformar em delongas, reflexões pausadas, fazendo as vezes de estações para os passos apressados da ansiedade.
“Sinto que não mereço as coisas boas que recebo da vida
E isso me pesa às vezes.
Mas, no final, ninguém merece coisa alguma.
A gente ganha o direito de nascer sem ter feito nada.
O que importa é que a gente tenha o coração grato,
e isso já é o suficiente.”
Além da poesia em si, o livro também traz alguns pequenos textos que parecem verdadeiros diálogos de Pedro com o leitor. Estes textos são lindíssimos, são Pedro de alma despida e peito aberto, e eles dão corpo, peso e textura à sua poesia.
Pedro Salomão escreve com o propósito de transformar a vida das pessoas com sua arte, e eu agradeço imensamente por este dia ele ter cuidado da minha mente inquieta. Não estou dizendo que a poesia cura, mas é um recurso poderoso e valioso que pode fornecer justamente as palavras que sua mente fervilhante procura, e quem sabe acalmá-la.
Leia mais poesia.
Informações adicionais sobre o livro:
Capa comum: 192 páginas
Editora: Outro Planeta; Edição: 1 (20 de setembro de 2018)
Idioma: Português
ISBN-10: 9788542214260 – ISBN-13: 978-8542214260
Posso afirmar que me identifiquei totalmente com o primeiro parágrafo. Sobre o livro: eu achei bem interessante, principalmente, para quem ainda não lê nada do gênero (assim como eu) poder se enveredar por esse mundo da poesia. Algo que quero muito fazer é conhecer alguns livros de poesia, vou lentar ir lendo aos pouquinhos, quem sabe um dia isso se torne um hábito.♥
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Sou suspeita para falar porque amo poesia, mas dê uma chance ao gênero sim!
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Que lindo post. Parece cada dia mais difícil lutar contra a exaustão e esse sentimento de não estar fazendo algo produtivo ou reconhecido. Mas é bom ver que as coisas vão voltando à um estado de normalidade aos poucos. Força 💙
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Obrigada, de coração, pelas palavras, pelo carinho! Sim, estão voltando a um ritmo mais produtivo!
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