Num livro que já pintou review por aqui, A Arte do Descaso (para ler o review, clique aqui), é citado um museu que recentemente tive a maravilhosa oportunidade de conhecer.
Segundo nos é contado pela autora Cristina Tardáguila, o investigador da Scotland Yard, Charles Hill, entrou para história por ter conseguido recuperar o famoso quadro O grito, de Edvard Munch, passando-se por um falso marchand que seria funcionário do alto escalão do J. Paul Getty Museum. Bom, depois de ter lido o livro e gostado muito, quando calhou de eu passar as férias na cidade do museu então citado, eu não quis perder a chance de conhecê-lo.
O Getty Museum é uma atração imperdível para você que vai a Los Angeles, mesmo que não seja muito fã de artes. A razão? Bom, tem várias. Deixe eu citar algumas para vocês:
a) O museu é absolutamente lindo.
Ele tem uma arquitetura linda, espaços encantadores e uma atmosfera que só traz boas vibrações. Você pode achar chato ver quadros, estátuas e artefatos (pelo menos até conhecer o Getty), mas com certeza irá se maravilhar com a imponência do museu. Há espaços dentro dele que você poderia sonhar como sendo um pedaço da sua casa…

…e espaços externos que dá para fazer lindos ensaios de fotografia, em casal, em família, etc. Ou, se você já não está mais na onda de ensaios, o lugar é perfeito para um piquenique em família. Já imaginou estender uma toalha e brincar com os netos num gramado desses?

b) o museu tem uma vista incrível de Los Angeles e arredores.
Nesse quesito eu tenho que admitir que preferi a vista do Getty à do estrondoso Observatório Griffith. A ida ao Griffith também vale a pena (post em andamento), mas talvez ante o sucesso do filme Lalaland, o lugar se tornou excessivamente cheio, o que dificulta ter uma visita mais sossegada e momentos contemplativos verdadeiros. Já no Getty, como o museu abarca muita coisa, dificilmente haverá muitas pessoas ao mesmo tempo atrapalhando sua vista. E num dos terraços há inclusive uma foto com o perfil da skyline de L.A. e arredores, para que você consiga identificar onde fica o quê. É claro que como o clima de Los Angeles é bem quente e seco, a poeira do ar pode atrapalhar um pouco a vista, mas isso vai acontecer em qualquer lugar que você vá para apreciar de cima a cidade, a menos que dê a sorte de ter chovido no dia anterior.
c) tem o jardim mais lindo que eu já vi na minha vida.
Ok, esse é um tanto quanto subjetivo, afinal, eu ainda não conheço muitos jardins famosos por suas belezas. Mas, da minha humilde coleção de jardins vistados pelo mundo, o jardim principal do Getty ganhou meu coração a primeira vista. Há flores das mais diversas cores, tão vibrantes, tão bem cuidadas, que você sente um bem-estar instantâneo, uma felicidade indescritível, só de estar lá.
No dia em que fomos, pleno verão de agosto (2017), estava bem quente, e era um dia sem nuvens também. Assim, o ideal é ver os jardins em primeiro lugar, assim que o museu abrir, para não se expor tanto ao sol. A dica também é levar protetor solar, beber bastante água e, se preferir, ainda pegar as sombrinhas disponíveis aos visitantes que ficam do lado de dentro dos prédios do museu, bem próximos às portas para as áreas externas.
d) Há obras de renomados artistas.
Ainda que você não seja um grande apreciador de arte, o museu abriga coleções de artistas muito famosos, e é sempre bom dar uma olhada em suas obras, pelo menos para conhecê-las, e, quem sabe, se um dia você for “picado pelo bicho da arte” e começar a se deslumbrar com esse mundo magnífico, pelo menos poder dizer que já esteve frente a frente com um verdadeiro Monet, Munch, Van Gogh, Rembrandt ou Degas, só para citar alguns artistas.
e) A entrada é gratuita.
Como é que eu havia me esquecido desse “detalhe” tão importante? Sim, você não paga nada para entrar. Se for de carro, deverá pagar U$15.00 (preço em ago/2017) para estacionar o carro, preço cheio, independente do número de horas que ficar e do número de pessoas no carro (U$ 10.00 se chegar depois das 15:00 – obs: é estupidez economizar 5 dólares para ter tão pouco tempo para ficar lá).
Quando chegar, você estacionará o carro e depois haverá um elevador que te levará ao local onde eles irão conferir suas bolsas/mochilas. Eles fazem a conferência por mera precaução. Embora o museu seja gratuito, é uma propriedade particular, então eles fazem as regras. Nada mais justo. Mas é mais para revistar se a pessoa não está carregando armas, drogas, etc, porque comidas e bebidas são bem-vindas no museu, desde, claro, que você não as consuma onde estão expressamente proibidas. Há mesinhas em áreas externas para você comer à vontade. Se não quiser levar nada também, há cafés, refeitórios e restaurante dentro do museu. Fome você não vai passar. Apesar da revista nas bolsas que eles fazem, esse foi o único museu em que estive na Califórnia que permitia eu andar com minha mochila tranquilamente e sem precisar colocá-la na frente (minhas costas agradecem) como muitos museus assim o solicitam. Também é possível tirar fotografia da maior parte das obras, e, quando não for possível, haverá informação expressa bem visível (ponto para eles, pois assim você não se sente constrangido de fotografar algo que não poderia simplesmente porque não viu o alerta ridiculamente pouco visível, como infelizmente presenciei acontecer em outros museus com outras pessoas).
Enfim, depois da revista, você pega uma espécie de bondinho (tram) que vai morro acima para de fato chegar onde estão os prédios, os jardins, cafés, etc. do museu. A dica é pegar o primeiro carro do bondinho para conseguir uma vista não só dos trilhos como também da cidade lá embaixo. É lindo! Vale até uma filmagem!
Acho que dei alguns motivos bastante plausíveis para convencê-los de que o J. Paul Getty Museum vale uma visita, não? O que eu espero ter alcançado com este post, na verdade, não é apenas divulgar mais um museu, mas deixar bastante claro que, apesar do descaso das autoridades e de muitos em relação à arte, não apenas no Brasil, mas no mundo todo, ainda existem sim pessoas que se importam, que acreditam que a arte deve ser acessível, contemplada, apreciada e resguardada. Então, embora esse post esteja diretamente ligado ao meu review do livro A Arte do Descaso, eu gostaria que tudo que aqui foi dito deixasse uma impressão oposta à do livro, e que acendesse em mim e em você uma chama de esperança, de zelo, de responsabilidade, e afirmação de que você também se importa. Como eu disse, você pode até não ser um grande fã de arte, mas esse museu nos mostra como a arte pode ser atraente, se as pessoas assim quiserem e permitirem-se também acreditar nisso. Minha recomendação então é a seguinte: se tiver a oportunidade de ir a Los Angeles, não vá apenas para um roteiro Hollywoodiano, para ver Berverly Hills, a calçada da fama e coisas do tipo, mas considere também programar uma visita ao Getty e tenha a certeza de que a sua concepção de museu como um lugar chato e enfadonho irá mudar.
Informações adicionais:
Além do Getty Museum, há também outro Getty, o Getty Villa (fechado às terças-feiras e embora também gratuito requer tíquete de admissão que deve ser agendado pelo site), o qual não tivemos tempo de conhecer, mas ele me parece tão lindo quanto o Getty museum, e já está anotado como imperdível para uma futura visita a Los Angeles. Se desejar mais dicas sobre o museu, você pode visitar o site deles ou mesmo entrar em contato comigo. Ficarei muito feliz em ajudá-lo(a).
Só um alerta: o Getty Museum não abre às segundas-feiras e estará excepcionalmente fechado dia 15 de setembro de 2017, e, obviamente, não abre nos feriados do dia 25/dez e 01/jan e também no dia de ação de graças (Thanksgivingday).
Há lojinhas no museu também para levar para casa um souvenir! Eu e meu marido compramos calendários de artistas dos quais você encontra obras no museu e que também são marcadores de páginas destacáveis. Mas há muito mais coisas. O museu também tem galerias de fotografias, assim, há livros não só de pintores, mas também de fotógrafos e técnicas de fotografia, dentre muitos outros assuntos ligados à arte em geral, tanto para adulto quanto para crianças (na verdade, há uma lojinha exclusivamente dedicada a crianças).
Sinta-se à vontade de levar seus pequenos ao passeio. Uma coisa que achei bem legal do museu é que existe um espaço reservado para as crianças deixarem aflorar seu lado artístico. Há inclusive sugestões de atividades para eles fazerem, e depois, eles podem pendurar suas obras num mural! Muito fofo, não? Sensacional!
A cada post, fico curiosa em percorrer a sua trilha. Anotada a recomendação para a próxima ida a LA. 😍😍😍❤️❤️❤️
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Parabéns Isa, gostei do Post, bacana mesmo.
Perdemos de não ter ido, mas vai ser um dos lugares que iremos na próxima viagem por lá.
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Que lugar bonito! A arquitetura tão original e instigante, a organização, a atividade para crianças, estimulando a criação artística! Pena que não teve foto de pelo menos uma das obras de arte de lá. Desculpe Isa, desperta a curiosidade!
As dicas detalhadas ajudam a aproveitar a visita, são valiosas.
Eu estava com a impressão de ter visto este lugar, e lembrei onde foi. Em um jogo de de videogame, o GTA V (Grand Theft Auto V). No jogo, que se passa entre outras cidades, há na fictícia cidade de Los Santos (que representa Loa Angeles), uma missão no Kortz Center. Fui pesquisar e de fato, o local do jogo é inspirado no Getty Center, que é este museu, no alto do morro. O outro que citou, o Getty Villa, fica nas vizinhanças de Malibu. Os dois juntos formam o Getty Museum. É um museu com dois campus: o Center, museu primário, que mostra arte ocidental da idade média ao presente. E o Villa, museu secundário, que mostra arte da Grécia e da Roma antiga. Ou seja, se completam!
Pelo menos no videogame, eu já fui lá, hahaha.
Isso é o que o ser humano pode fazer de melhor, a arte, a inteligência, a beleza e o respeito comum. É o que sinto falta no Brasil.
Que lugar lindo. Para passar boa parte do dia. As vistas devem ser belíssimas, além da arte, dos jardins e arquiteturas.
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