Sim, eu li o outro livro que Vicki Myron escreveu depois de Dewey: um gato entre livros. Na verdade, como isso aconteceu diz muito sobre minha personalidade, muito atrapalhada. Janeiro e fevereiro foram meses em que as leituras estavam a todo vapor. Mal havia terminado fevereiro e eu já queria adiantar a leitura do mês de março do Clube do Curinga, mas fui correndo atrás de um livro sobre um gato chamado Dewey, e me deparei com As Noves Vidas de Dewey. Não precisei ler muito para entender que havia um livro anterior a ele e desconfiar que eu havia começado a ler o livro errado. Confusões do tipo são corriqueiras na minha vida, e eu morro de vergonha toda vez que isso acontece. Quando fui confirmar minhas suspeitas com o pessoal do clube, vi que eu realmente tenho talento para equívocos.
Mas apesar da vergonha passageira, foi um dos poucos erros que me trouxe algo de bom. Eu realmente não consegui simplesmente parar de ler o livro. Até achei que acabaria o segundo livro antes do primeiro, mas resolvi terminar de ler a história de Dewey na Biblioteca Pública de Spencer para finalmente concluir As Noves Vidas de Dewey.
Dewey, ao partir desse mundo, deixou um vazio enorme não apenas na vida de Vicki, da Biblioteca de Spencer, de seus funcionários e de seus usuários, mas de toda a comunidade ao redor, e sua história chegou a muitas pessoas com o primeiro livro de Myron. Tocou tantas vidas que ela recebeu centenas de e-mails e cartas de pessoas contando suas próprias experiências com seus gatos, e como o livro de Dewey lhes pareceu trazer um pouco mais de conforto àqueles que também haviam perdido um grande amigo felino.
Vicki selecionou, então, nove dessas histórias — e aposto que foi uma triagem bem difícil — e veio a contá-las neste segundo livro; As Noves Vidas de Dewey, porque o legado de Dewey homenageia tantas outras vidas amorosas que estes animais deram a seus humanos, muito mais que nove, com certeza.
Se eu chorei com o primeiro livro, este segundo terminou de encher um rio de lágrimas. A escrita de Vicki, a forma como ela conta cada história é arrebatadora. É impossível ler as histórias destes gatinhos e pensar que eram apenas gatinhos.
De modo geral, a estrutura dos nove contos é bem parecida. Vicki traz um trecho da carta/e-mail da pessoa, apresenta um recorte de sua história, conta como o felino entrou em sua vida e então arremata com o relato de como e por que aquele gato fez toda a diferença em sua vida. Gosto muito dos recortes das vidas tecidos por Vicki, eles mostram como pessoas com as mais diversas personalidades têm pelos gatos o mesmo apreço e afeto.
E são as arrematações sobre as particularidades da vida dessas pessoas que fizeram eu me derramar em prantos. Porque é isso que Vicki quer deixar bem claro. Que para quem vê de fora, um pet parece apenas um pet, mas só quem conhece toda a história entende que foi muito mais que isso. Eu não sei como é ter um gato. Minhas experiências com animais se resumem basicamente a cachorros. Nunca fui muito apegada a nenhum deles, eles nunca foram meus propriamente, mas eu me lembro da vez em que eu me sentei para chorar no quintal de minha casa, desolada, e nosso cãozinho veio e ficou deitado ao meu lado, como se entendesse minha dor e quisesse dizer que ele estava ali. Poucos amigos humanos fizeram isso por mim de verdade.
As histórias pessoais por trás destes nove gatos retratados por Vicki Myron são muito mais emocionantes e carregadas de dramas do que a minha, que tinha a ver com um coração partido (experiência pela qual todos já devem ter passado). E cada uma delas só reforça o laço afetivo entre os pets e seus donos.
Veja bem, não quero dizer que são as histórias dos humanos que fazem com que a vida animal se torne significativa. Muito pelo contrário. Embora infelizmente só tendamos a compreender as coisas pelo nosso ponto de vista, são os felinos dessas histórias os verdadeiros guias. Há muita coisa nas entrelinhas de toda história humana que nossos olhos não conseguem capturar num primeiro momento, mas com um gato a roubar a cena, nossa perspectiva pode ser toda reconstruída, e passamos a enxergar o que antes nos era invisível. O que eles fazem por nós é nos deixar fortemente sensibilizados aos pequenos detalhes. E no fim, amor, carinho, e uma vida feliz não são todos esses pequenos bons detalhes?
É um livro, portanto, muito bom de se ler. Ele preenche nossa alma, entregando um sentimento de esperança e conforto para quem já perdeu alguém especial, seja humano ou animal, nos ensinando a ter mais empatia, respeito e carinho por todas as gentes, como diz Eliane Brum.
Dados Técnicos do Livro:
Capa comum: 352 páginas
Editora: Globo; Edição: 1ª (9 de setembro de 2010)
ISBN-10: 8525049557 – ISBN-13: 978-8525049551
Título original: Dewey´s Nine Lives: The Legacy of the Small-Town Library Cat Who Inspired Millions
Estou com lágrimas nos olhos só de ler a resenha, sério. Meu apego com gatos é muito forte, então imagino que este livro seja daqueles que vão me derrubar e me deixar no chão por muito tempo. (Ou seja, amei e vou salvar na lista de recomendações haha). Ótima resenha! ♥
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Oi, Elaine. Então, acho que o primeiro vc já vai chorar bastante na despedida de Dewey (acho que isso não é spoiler nenhum, porque infelizmente, todas as vidas chegam ao fim), mas nesse segundo são muitas despedidas. Tenho certeza que você irá amar, além de derramar muitas lágrimas. Obrigada pelo carinho. Beijos
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Seu post aguça a vontade de ler os livros!
Quero ler!
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Que bom que ele desperta esse interesse! 🙂 bjos
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Meu Deus, estou entre “quero muito ler” e “se eu ler, vou chorar por dias”! Sou muito apegada a gatos, que nem a Nane comentou, e já perdi alguns na minha vida (inclusive estou momentaneamente privada de ver meu amorzinho tigrado de 16 anos que ficou na casa dos meus pais).
Mas o que é a vida sem algumas lágrimas, não é mesmo?
Ótima resenha! ❤
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Ai, eu sou suspeita pra dizer, mas acho que vc deveria ler, mas preparada sim para chorar bastante. Eu gosto do livro realmente como uma verdadeira homenagem a todos os gatinhos e seus donos, sabe? Mas é, vai na hora que você achar que for melhor rs.
Obrigada! 🙂
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