Prana, do sânscrito: respiração.
Prana é o nome da protagonista desse pequeno romance homônimo, resultado da soma de capítulos com estrutura de contos, que tive a honra de ler através da agência literária Oasys Cultural, a quem sou muito grata, tanto pelo envio do exemplar quanto pelo reconhecimento do meu trabalho e confiança nele depositada.
Sinopse:
“Prana viaja de Ouro Preto, sua terra natal, até a Índia, onde empreende uma rota sagrada em busca do pai. A jornada da protagonista tem inicio na futurista Dubai e passa por Nova Delhi, pelas maravilhas do Taj Mahal, pelos templos de Bodhgaya, pela yoga de Rishikesh e pelos crematórios de Varanasi, num percurso de descobertas que inclui sexo e repulsa, encontro e separação, medo e coragem, afeto e decepção, suspense e clímax, vida e morte.”
Se você estranhou o nome Prana, imagine ela própria. Filha bastarda, mesmo com mais de 40 anos, nunca entendeu por que o pai lhe dera um nome que seria alvo de chacota durante toda sua vida, sobretudo na infância, que, sabemos, pode ser bem cruel. Esses são os primeiros desafios de Prana, aceitar-se. Tanto em relação à sua identidade de nome incomum quanto em relação ao fato de que, não importa quanto seu pai lhe diga que ela é sua filha mais especial, essa afeição jamais poderia vir a público. Aos olhos e crença de sua família legítima, não existem uma mulher e uma filha fora do casamento.
Como forma de manter Prana sempre por perto, e compensar a falta do convívio de um lar, seu pai lhe contratou como funcionária em sua loja de pedras preciosas em Ouro Preto – MG. Seus outros filhos também trabalham na mesma loja, e não desconfiam da relação que têm com Prana.
Um dia, o pai simplesmente parte, alegando uma viagem de negócios entre as cidades mineiras, mas depois de alguns dias, ninguém mais consegue contato com ele, seu telefone permanece desligado, e a loja se vê numa montanha de decisões aguardando o seu retorno. Até que, chega uma carta da Índia endereçada a Prana. Decidida a entender o que houve com seu pai, ela se lança numa jornada de busca por ele, que até então achava que conhecia, mas o que descobrirá na empreitada irá lhe apontar mais o caminho de dentro que tão somente responder quem era realmente seu pai.
Escrito belamente pela mineira Jacqueline Farid, Prana é uma mistura de ficção e realidade muito bem executada, que irá transportar os leitores diretamente para a Índia, ainda que, como sente Prana em sua própria pele, “[…] viajar de corpo presente é muito diferente de embarcar nos inúmeros livros que devorara desde a infância […]”. Realmente, aquela apreensão toda ao se cruzar fronteiras que nos mapas são meras bordas geográficas e convenções geopolíticas encontra barreiras muito reais nos saguões de imigração dos aeroportos, nas diferenças culturais, no idioma e no fuso horário. Mas as descrições são tão bem feitas que a imaginação ignora os contrastes entre realidade e ficção e sentimos o caos das ruas indianas, os muitos cheiros apontados pelo narrador onisciente, e tudo que corrobore a sensação de que estamos nesta busca juntamente com Prana:
“Pode ser uma salva de buzinas, um templo inesperado, uma barbearia ao ar livre, um tuk tuk desgovernado, alguém passando roupa no meio da rua. Não há desvio de rota que evite tropeçar na Índia o tempo inteiro”.
Nessa viagem à Índia, também acompanharemos toda uma transformação da personagem, a qual vejo como um crescimento incrível e que torna a trama ainda mais linda. Prana é, portanto, um embarque do leitor num trem de mudanças, de reflexões sobre nossas crenças, nossos valores pessoais, e tudo que no fim converge no significado da jornada mais importante de todos: nossa própria vida.
Dados Técnicos do livro:
Autora: Jacqueline Farid
Capa Comum: 178 páginas
Editora: Páginas Editora (Fevereiro de 2020, Belo Horizonte, MG)
ISBN: 9786550790158
Disponível em: Site da Editora e na versão e-book pela Amazon.
Oi Isa! Puxa, li seu comentário lá no IG e já tinha me interessado, agora estou louca para ler!
A Índia sempre me causou grande fascínio e Minas… Ah, como eu amo as Minas Gerais, em especial Ouro Preto, com toda a sua carga histórica e cultural!
Meu primo está passando um tempo na Ásia, já passeou pela Índia e agora anda pelo Nepal, não vejo a hora de crivá-lo de perguntas hehehe
Excelente resenha! Já me convenceu!
Abraços!
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Não conheço ninguém que tenha ido pra Índia pra eu trocar umas ideias sobre as impressões que tive pelo livro, sabe? Mas despertou uma curiosidade enorme.
Que legal seu primo estar conhecendo países e culturas tão diferentes. Uma amiga minha que mora no Japão disse que lá tem um restaurante nepalês que é o favorito dela… figuei aguando hahaha… Depois conta o que ele achou do Nepal. Bjos
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Conto sim! Vou mandar um questionário enorme pra ele, coitadinho hahahaha
Beijo!
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Acho bem interessante essas histórias que mesclam ficção e realidade, pois fico que perguntando até que ponto o que estou lendo é real. Sobre a India, conheço apenas o que já vi na TV. Gostei muito da resenha!❤❤
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Eu mal da TV conhecia… talvez de alguns filmes, mas é bem superficial sempre, né? Não que o livro tenha superado isso, mas foi um novo contato com o país muito bem-vindo.
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