Seu espaço de leitura

Como uma pessoa muito introvertida e introspectiva, eu sempre gostei muito daquela sensação de ter o meu “cantinho”, o meu espaço. Zona de conforto também se aplica ao caso concreto, afinal; não é apenas uma metáfora para tudo aquilo que implica uma inércia nossa em relação ao mundo.

Então, procurando sempre criar esses espaços que façam eu sentir que estou no meu lugar, é claro que uma hora eu iria sentir a necessidade de ter um espaço de leitura para mim.

Aqui em casa, eu sempre li muito em dois lugares: no sofá da sala e na minha cama. Só que estou em outra fase da minha vida, chamada maternidade, e ainda sou novata nisso. O sofá da sala? Eu o perdi. Ali é onde sento com meu filho para amamentá-lo, ou onde sentamos juntos para assistir um pouco de TV. Sei que não é o ideal que ele assista TV antes dos 2 anos, mas muitas coisas não são o ideal aqui. Já estou feliz de ainda estar amamentando um bebê de quase 22 meses, então a gente balanceia como dá, né? Mas voltando aos meus cantos de leitura… a cama… olha, eu ainda a uso para ler, mas ela não é mais a minha cama. Desde os 3 meses de idade do meu filho, tenho feito cama compartilhada no quarto dele. É lá que eu durmo. Não vou mentir, às vezes eu leio lá também, no celular, com a tela na luminosidade mínima possível e a cor mais amarelada também, para não prejudicar tanto o meu sono e o dele. Mas é um jeito de ler muito convidativo ao cochilo: deitada, no completo escuro, com aquela luz cálida no rosto.

Assim, tenho lido à noite no quarto com meu marido, onde ele ainda dorme, infelizmente sem a minha companhia. Ele costuma dormir antes de mim quando eu decido me alongar na leitura, nas raras noites em que Naoki, meu filho, resolve dormir horas seguidas num sono profundo. E é aí que eu tenho procurado uma nova alternativa para também não atrapalhar tanto o sono do marido.

No quarto do casal, que sei que um dia ainda vou voltar a dormir, há um espaço não exatamente amplo na área dos armários (closet?), um pouco mais afastado da cama, e é ali que, aos poucos, tenho tentado transformar no meu canto de leitura. É uma mudança que tem ocorrido vagarosamente, porque também não tem sobrado recursos financeiros para isso.

Mas é nesse ponto que eu queria chegar. Você já parou pra pensar que, às vezes, a gente idealiza demais uma coisa e acaba não fazendo por achá-la impossível?

Como está agora… antes a parede estava completamente nua

Como seria o meu espaço de leitura dos sonhos? Bom, pra começo de conversa, esse espaço dos sonhos nem caberia no meu atual apartamento. Mas nem por isso eu deveria deixar de tentar criar um espaço aconchegante dentro da minha realidade, dentro do meu possível. Por isso, embora uma poltrona chesterfield esteja fora de cogitação, uma cadeira-poltrona acolchoada com mantas ou almofadas já é melhor que nada. Mas por enquanto, estamos só com uma banqueta. Quando puder, eu invisto nessa tal cadeira. Ainda não tenho sentado de fato na banqueta para ler. Continuo na cama, mas já fiz o teste da luminosidade, ficando um pouco ali sentada lendo, sim, e achei muito boa luz ali.

Testando meu cantinho de leitura

Também não é possível pregar um monte de quadros na parede desse canto, porque a porta do armário precisa abrir encostando nela, e porque ali também passa a fiação para a luz do teto. Mas com um pouco de criatividade, estou decorando a parede com imagens que me representam: tem alguns postais adquiridos em viagens, de museus, bibliotecas, etc que eu tanto amo visitar, também marcadores de páginas diferentões e até um bordado do meu irmão que ganhei de aniversário. Recentemente adquiri dois pôsteres na Aliexpress, e achei que ficaram lindos! E só foi preciso washitapes para fixá-los todos na parede. Zero furos para isso. Deu um toque decorativo e a maior parte das coisas eu já tinha em casa.

A maternidade tem me ensinado muitas coisas, inclusive essa questão de parar de idealizar as coisas e viver a nossa realidade da melhor forma possível, e respeitando nosso tempo e o tempo de cada coisa. Idealizar e não alcançar gera frustações, e já temos que lidar com inúmeras ansiedades hoje em dia por conta do excesso de informações e do consumismo desenfreado.

Achei até um reels que ilustra bem o que estou falando:

Claro que as pessoas mudam, e suas concepções de zonas de conforto também. Mas é por isso que esse meu canto não tem pressa para ser concluído e, na verdade, pode ficar em eterna transformação. O importante é saber curtir o processo e usar a criatividade para não nos deixar abater com tudo aquilo que não podemos ter.

Assim, queria saber de você, caro(a) leitor(a). Como está seu espaço de leitura? Você tem dedicado atenção aos espaços que lhe dão a sensação de conforto e pertencimento? O que tem feito para aproveitá-los com aquilo que você pode ter e não com aquilo que você gostaria de ter?

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2 comentários

  1. Este texto é uma lição para mim. Não tenho um cantinho, mas gostaria muito de ter. Você disse algo que me abriu os olhos “parar de idealizar as coisas e viver a nossa realidade da melhor forma possível”. É isso mesmo! Vale para muitos aspectos da nossa vida. ♥

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