Quem nunca ouviu falar de Anne Frank? A garota alemã e judia que viveu escondida na Holanda, com sua família e amigos, por cerca de 2 anos num anexo secreto da empresa onde Otto, seu pai, trabalhava, durante a ocupação nazista.
Quando eu estava me programando para passar minhas férias de 2015 na Holanda, eu incluí a visita à Anne Frank Huis (Casa de Anne Frank, traduzido do neerlandês), em Amsterdam, no meu itinerário. Até um pouco antes da viagem eu nunca havia de fato lido O Diário de Anne Frank; mas como queria muito conhecer o museu (que, embora o nome sugira ser o local onde Anne Frank morou, em verdade é o local onde ela e sua família se esconderam), pedi emprestado o livro de minha cunhada e passei a imaginar como seria viver confinada junto de mais sete pessoas sob as precárias condições descritas por Anne Frank.
Ela ganhou o diário de presente de aniversário de 13 anos, um pouco antes de a família se recolher no Anexo Secreto, passando a escrever nele com bastante frequência principalmente após terem de ficar escondidos. Quando ouve pelo rádio que o Ministro da Educação pede às pessoas que guardem seus diários desse período de guerra, Anne passa a revisar e editar seu diário. A reescrita do diário nunca foi concluída, pois antes disso, em 04 de agosto de 1944, ela e os demais moradores do Anexo são capturados. O único sobrevivente dos 8 moradores do Anexo foi Otto Frank, pai de Anne, que anos mais tardes recebe o diário encontrado de sua filha. Por meio dele, ele toma conhecimento das notas de Anne e de seu desejo de vir a se tornar jornalista ou escritora, num futuro que nunca lhe chegou. Otto, com a ajuda de amigos, então toma as devidas providências para que o diário seja publicado.
Se você for um dia à Holanda, não deixe de ir ao Museu de Anne Frank, ou Anne Frank Huis. E não deixe também de ler o Diário de Anne Frank antes de conhecê-lo. Seus sentidos poderão vir à flor da pele ao se embrenhar pelo esconderijo, não duvido, mas será uma experiência inesquecível. Eu me arrepio até hoje quando começo a me lembrar dos momentos em que mais me emocionei.
A fila vai ser enorme. Sempre há muitos visitantes. Você pode comprar os ingressos online; eu e meu marido compramos no dia mesmo, encarando a fila. Tinha wi-fi (sim, a céu aberto), e não chovia, então foi tranquilo. Além disso, havia um artista de rua se apresentando com seu violino, o que tornou tudo muito agradável, apesar da longa espera.
Não será permitido tirar fotos dentro da Anne Frank Huis, mas garanto que você não sentirá necessidade. É um lugar que você provavelmente não irá esquecer, sobretudo se tiver um conhecimento prévio (friso, leia o Diário).
Caso você queira fotos do lugar, a dica é: ao final há uma lojinha de souvenirs do museu. Nós só compramos cartões postais, porque eu os coleciono. É um dos souvenires que vocês com certeza irão mais ver por aqui no blog.
Hoje se passaram exatamente 73 anos desde a prisão da família Frank e dos outros moradores do Anexo, bem como de dois dos empregados de Otto, que secretamente ajudavam os moradores do Anexo.
Até hoje não se sabe como o esconderijo foi encontrado. O que eu sei é que, embora eu tenha lido no Diário que o acesso ao anexo se dava por uma estante de livros móvel, que se abria como uma verdadeira porta sobre as dobradiças, estar lá e ver tudo o que se camuflava por detrás de uma simples estante me fez pensar realmente naquelas passagens secretas de filmes. Só que tudo o que aconteceu não foi um filme. E não houve um final feliz para Anne.

Nesse dia, só posso fazer minhas as palavras de Daniel Duclos*: “Anne, nós não esquecemos”.
*Brasileiro, residente em Amsterdam, autor do blog Ducs Amsterdam, que foi meu principal site utilizado para programar minha viagem à Holanda.
Ainda não encontrei blog que mexa mais com minhas boas emoções e inspire como este.
Só de imaginar estar à entrada do esconderijo, já sinto-me absorto em pensamentos e emoções. Li o diário há um bom tempo, e isso enseja nova leitura.
Apesar da estória de traição para localização do ambiente oculto, há pesquisadores que consideram ter sido encontrada por acaso. É possível que algum sinal tenha sido deixado pela movimentação de pessoas ou objetos, ou algum som tenha sido ouvido. Eu me inclino mais à esta hipótese.
Quando eu pensava na Holanda, não incluía este local imperdível, histórico e triste de um passado recente. Agora o faço.
Deve ter sido muito emocionante.
Grande post!
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Agradeço sinceramente todos seus elogios sempre ao blog! Eu creio que também deveria reler o Diário, ainda mais depois de ter estado lá. Talvez a leitura se torne um pouco mais pesarosa, mas com certeza mais impactante, como um lembrete a mim mesma de que criança nenhuma deveria ser obrigada a conhecer a guerra. Eu não sei dizer se houve uma traição ou se foi por acaso, mas também não penso muito a respeito. Fato é que, como eu disse, ninguém deveria ser obrigado a se esconder como um rato… 😢
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