Um Vento à Porta é o segundo livro da série Uma Dobra no Tempo, cujo nome também intitula o primeiro livro da série (inclusive, se você ainda não leu, tem resenha do primeiro livro aqui no blog).
Após Meg Murry sair pelo universo afora à procura de seu pai, teria a família Murry finalmente um pouco de tranquilidade?
Não é o que parece.
Charles Wallace, o irmãozinho caçula de Meg e outros dois irmãos, é super dotado, mas vive tendo sérios problemas na escola, por ser diferente, e sofre bullying diariamente. Mas não é isso que mais incomoda o pequeno Charles. Charles está com algum outro problema que faz com que mal consiga respirar. Ele tem as suas suspeitas do mal que lhe aflige, mas Meg precisa entender ainda como tudo no universo pode estar interligado para poder ajudá-lo.
Então, quais serão as novas aventuras que Meg Murry terá de enfrentar para que seu irmãozinho fique bem? Nem ela poderia imaginar, mas Meg terá de ser tão corajosa quanto no primeiro livro. Que bom que irá contar com a ajuda de seu amigo Calvin e outras criaturas surpreendentes!
O legal de continuações ou livros em série, é que, se bem trabalhados ou escritos, a sequência acaba se tornando sempre algo muito esperado e inclusive melhor que o anterior. Séries boas são aquelas cujas sequências sempre nos surpreendem.
Foi o que eu senti ao ler o segundo livro da série Uma Dobra no Tempo. Eu tive meus contratempos com o primeiro livro, porque demorei um pouco a entender “a pegada” dele. Era um livro de ficção científica, de fantasia? Fiquei bem confusa. Mas depois de ter me familiarizado com o universo criado por L’engle, e de já ter sido devidamente apresentada aos personagens do primeiro livro, neste segundo, Um Vento à Porta, a história para mim já começa super empolgante, num ritmo muito mais frenético. Isso é normal, pois é uma das vantagens de não ter de “perder tempo” contextualizando a história e poder focar simplesmente no enredo.
Também, há um quê de suspense no ar que nos deixa intrigados, mas como já entendemos a narrativa de L’engle, nos sentimos mais à vontade, deixando a história simplesmente fluir em meio ao turbilhão de fantasia e ficção científica que agora não nos é mais um elemento estranho, pois sabemos que uma hora as peças se encaixam e nossas dúvidas serão sanadas conforme Meg mesmo vai entendendo tudo ao seu redor.
Sabemos tanto quanto Meg, afinal. E a leitura se torna muito prazerosa, por avançarmos e até amadurecemos juntamente com a protagonista nas descobertas.
Por fim, mas de forma alguma menos importante, gosto muito de como L’engle aborda o “diferente”, e de como ela traz para o enredo figuras que ganham um novo significado, externalizando até uma certa reverência a estas figuras, como é o caso de “o Professor” (assim, com “P” maiúsculo mesmo, para impor respeito). Tenho certeza que os professores agradecem a consideração e o carinho.
Em relação ao “diferente”, separei algumas passagens aqui para vocês. Eu, que sempre me senti muito deslocada durante toda a minha vida (e ainda me sinto), é simplesmente emocionante encontrar nos livros uma empatia que às vezes não encontramos nas pessoas, muito embora livros sejam escritos por pessoas. Eu sou da opinião de que quem AMA ler não pode ser alguém ruim, então, nada mais natural que encontremos nos livros esse caráter bondoso, de tolerância e respeito, estampado e representado de alguma forma. Você compartilha dessa ideia? Diz pra mim!
Enfim, os quotes aí pra vocês se apaixonarem e irem logo atrás do seu exemplar para ler:
– Por que as pessoas sempre desconfiam de quem é diferente? Eu sou tão diferente assim? – perguntou Charles.
– Você acha que os alunos da primeira série são habitantes hostis, é isso? – perguntou a Dra. Colubra a Meg.
– É claro! Charles não é igual a eles, por isso são hostis com ele. As pessoas sempre são hostis com quem é diferente.
Mas, para mim, uma das melhores passagens, se você, apesar de tudo, ama-se como você é, com todas as suas “coisas diferentes”:
– Creio que sua mitologia os chamaria de anjos caídos. O negócio deles é guerra e ódio. Uma de suas principais armas é o des-Nomear: fazer as pessoas não saberem quem são. Se uma pessoa sabe quem é, se sabe mesmo, ela não precisa odiar.
Quantas verdades num livro de ficção!
Eu reitero, tal qual fiz com o primeiro livro, que este também deve ser lido por todos, adultos e crianças.
Pode ser que, à primeira vista pareça tudo um pouco demais para um adulto que já se acostumou demais com a falta de imaginação, mas essa é inclusive uma das críticas que L’engle faz no livro, através do personagem do diretor da escola, o Sr. Jenkins. Nada parece escapar da mente criativa e aguçada de L’engle!
Foi uma leitura maravilhosa, e mal posso esperar para ler o próximo livro da série!
Informações adicionais sobre o livro:
Capa dura: 224 páginas
Editora: HarperCollins; Edição: 1ª (9 de fevereiro de 2018)
Título original: A wind in the door
ISBN-10: 8595082510 – ISBN-13: 978-8595082519
Este livro foi uma cortesia de:
Obrigada a HarperCollins, por nos trazer títulos tão incríveis assim.
A resenha despertou a curiosidade pela leitura do livro. Poderia emprestar? 🤗🤗🤗
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