Nunca Houve um Castelo – Martha Batalha

Nunca houve um castelo era um livro que queria ler já há algum tempo, além de ele fazer parte da minha meta literária de 2019, e que, portanto, estava na minha lista de desejos. Felizmente, eu o acabei ganhando de presente de Natal da minha sogra. Muito obrigada por essa joia literária! Eu sei que ainda assim levei 4 meses para finalmente o ler, mas eu sei que se dependesse de eu mesma comprar o livro, provavelmente eu ainda não o teria comprado. Como eu não escrevo livros, mas apenas posts no blog, dedico o presente post à Nicete, por ter possibilitado o processo de leitura desse livro, ainda que depois de tantos meses.

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Sinopse:

Em seu segundo romance, Martha Batalha recria a trajetória dos descendentes de Johan Edward Jansson, cônsul da Suécia no Brasil que em 1904 construiu um castelo em Ipanema. Enquanto o bairro e o país se modificam ao longo do século, os múltiplos personagens convidam o leitor a refletir sobre memória, conflitos, amor e a resiliência necessária à vida.


Minhas Impressões sobre o livro:

Esse é um daqueles livros com uma narrativa super agradável e fluida, iguais àquelas de rodas de amigos, que a pessoa se torna o centro das atenções contando histórias e anedotas, e ninguém ousa abrir a boca para interrompê-lo. Você sabe do que eu estou falando. Todo mundo tem um amigo que sabe COMO contar uma história. Pois o amigo da vez é Martha Batalha.

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Martha Batalha é uma escritora brasileira, natural de Recife, mas que cresceu no Rio de Janeiro, e hoje vive em Santa Monica, na Califórnia. Nunca houve um castelo é, na verdade, seu segundo romance, lançado com muita expectativa depois do tão aclamado A vida invisível de Eurídice Gusmão.

Bom, eu não li ainda o romance de estreia da autora, mas não nego que havia uma alta carga de expectativa em mim quanto a Nunca houve um castelo, pois só havia lido críticas boas em relação a ele. Não me decepcionei, mas o livro deixou de cobrir apenas uma de minhas expectativas: eu esperava que a escolha do título fosse mais explícita no livro.

O livro trata do tema memória, tanto das memórias particulares (pela perspectiva dos vários personagens que nos são apresentados), como de uma memória mais coletiva, seja a dos cidadãos do Rio de Janeiro, seja, de forma mais expandida, a de todo o povo brasileiro. As memórias particulares nos chegam pela deliciosa narrativa de Batalha, sempre com toques de humor e/ou sensibilidade, quando ela nos conta as vivências, o cotidiano, as experiências, sofrimentos, e pensamentos de seus personagens. Já a memória coletiva é todo o restante: a passagem do tempo e as marcas deixadas por ele nas pessoas, os comentários, costumes e crenças de toda uma geração, e os eventos históricos que atravessam todo o romance: a lei áurea, o número crescente de imigrantes, os imigrantes deixando de ser imigrantes e se tornando verdadeiros brasileiros, a república, o golpe militar, a ditadura, etc.

Para abordar um tema tão fascinante que é a memória, Martha teve ainda uma sagacidade indescritível ao escolher personalidades reais, mas utilizados de forma fictícia. Um desses personagens é Johan Edward Jansson, um cônsul sueco que, com sua esposa, dá início à família Jansson no Brasil. Martha, ainda com tal sagacidade, parte da ideia de um castelo que realmente existiu em Ipanema, imprimindo uma narrativa maleável da memória particular e coletiva, juntando ambas numa coerência e perfeição que só vi ser cosida com tamanha proeza no livro A Insustentável leveza do ser.

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O castelo, “castelinho de Ipanema”, não existe mais; foi demolido em 1965, e, pela própria ação do tempo, se perdeu também na memória dos brasileiros. Embora algumas pessoas se recordem de sua existência, hoje muitas pessoas não sabem que o castelo sequer existiu, e outras tantas afirmam que ele nunca existiu. Batalha se vale desse esquecimento, dessa história que tem mais ares de lenda que de fato, para criar um romance fictício adorável e que poderia ser traduzido como uma breve história do Rio de Janeiro.

Quem quer que se interesse pela história do Brasil ou simplesmente seja apaixonado pela cidade maravilhosa precisa ler esse livro.


Informações adicionais sobre o livro:

Capa comum: 256 páginas

Editora: Companhia das Letras; Edição: 1ª (2 de abril de 2018)

ISBN-10: 8535930825 – ISBN-13: 978-8535930825

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10 comentários

  1. Fiquei bem interessada em ler este livro. Mas, como você afirmou o título não diz muito sobre a história presente no livro. Eu realmente não compraria só olhando o título. kkkkkk

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    1. A História do Livro é Maravilhosa, e o Castelinho realmente existiu pois eu morei em Ipanema e passava em frente a ele todos os dias, enquanto morei naquele Bairro Lindo Rio de Janeiro – codnome Cidade Maravilhosa!

      Curtido por 1 pessoa

  2. Parabéns. A sua resenha empolga e alimenta a vontade de ler o livro. Lendo, afloraram memórias da infância, quando castelos e princesas eram sonhos e alimentavam as esperanças. Mas, o tempo revelou ser tudo frágil e, a cada tijolo perdido ou não erguido, a necessidade de superar, ser resiliente.

    Curtido por 2 pessoas

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