“Hamlet” é uma das peças mais famosas de William Shakespeare (1564-1616), e mesmo que você nunca a tenha lido ou visto nenhuma de suas adaptações para as telonas (como era meu caso até então), provavelmente já ouviu falar, tem alguma noção sobre o que se trata a história ou mesmo já ouviu alguma das frases abaixo:
“Há mais coisas no céu e na Terra do que sonha nossa [vã] filosofia.”
“Ser ou não ser, eis a questão”
“Há algo podre no reino da Dinamarca”.
E posso agora finalmente dizer: não há nada mais satisfatório do que chegar à fonte de tais citações.
Sinopse:
“Ser ou não ser, eis a questão. Hamlet é o príncipe da Dinamarca; além de não conseguir se decidir a tirar a própria vida, tampouco consegue se dedicar a tirar a vida do rei, seu tio, usurpador do trono e sedutor da rainha sua mãe, conforme relato do fantasma de seu pai, que lhe aparece pedindo vingança. Há algo podre no reino da Dinamarca. E cada acontecimento parece acelerar a marcha rumo a um desfecho catastrófico.”

Shakespeare, como dramaturgo, compôs inúmeras peças, solo ou como colaborador. Essas peças dividem-se em tragédias, históricas e comédias. “Hamlet” é uma tragédia, e se destaca ao lado de outras igualmente famosas, que são: “Rei Lear”, “Macbeth” e “Otello”. Essas e outras informações são encontradas na Introdução desta edição da Chiado Books que tive o grande prazer de ler. Ainda nessa Introdução, há o croqui do Swan Theatre, que simula muito bem um teatro elisabetano, modelo também adotado pelo Globe Theatre, onde a peça foi originalmente apresentada. O atual Shakespeare’s Globe é uma reconstrução do Globe Theatre.
E essa preocupação com os detalhes não se limita à Introdução, já que ao longo de todo o livro são apresentadas várias notas de rodapé que enriquecem ainda mais a experiência da leitura, sejam contextualizando o leitor a respeito das referências, sejam fornecendo mais informações ou mesmo esclarecendo as decisões do tradutor. Essas notas fizeram toda a diferença para mim, pois não conhecia as referências e achei todas as informações além de relevantes muito interessantes; um verdadeiro aprendizado.

Embora “Hamlet” seja grande parte composta em versos, a tradução de Leonardo Afonso é toda em prosa, com exceção dos poemas e canções que fazem parte da peça. A linguagem é arcaica, já praticamente em desuso no Brasil, com uso de segunda pessoa do plural (vós) e mesóclises, mas que me parece necessária para dar à peça o seu status merecido, e, claro, nos lembrar que não estamos diante de uma obra qualquer do século XVII, mas de um clássico incansavelmente reproduzido, readaptado e traduzido e revisitado. E o grande feito de uma boa tradução é justamente o equilíbrio: essa boa dosagem entre não querer elevar o texto a uma falsa noção de antiguidade e manter sua atmosfera, sem pompas supérfluas, respeitando uma obra de seu tempo. Tudo isso entrega ao leitor um texto excelente e muito agradável, sem que tenha maiores dificuldades para sua compreensão.
Quem tem curiosidade para conhecer um pouco sobre a dramaturgia shakespereana, recomendo sem restrições essa edição. Será uma leitura inesquecível dessa peça, tenho certeza.
Dados Técnicos do Livro:
Capa comum: 244 páginas
Autor: William Shakespeare
Tradutor: Leonardo Afonso
Editora: Chiado Editora; Edição: 1 (6 de abril de 2020)
ISBN-10: 9895272790 – ISBN-13: 978-9895272792
Exemplar recebido pelo tradutor Leonardo Afonso, em parceria deste blog com a agência literária Oasys Cultural, adquira o seu preferencialmente pelo site da editora.
Eu só conheço mesmo só as frases, mas quero muito ler Shakespeare e esse livro me interessou muito. Gostei que essa edição é em prosa, pois sinto dificuldade de obras em versos e principalmente, clássicos. Ótima resenha!♥♥
CurtirCurtido por 1 pessoa
Sinceramente, mesmo eu gostando de poemas, eu preferi ler assim em prosa também, porque não seriam apenas versos compondo um poema, né? É toda uma trama acontecendo por meio dos diálogos. Eu ficaria bem perdida provavelmente se fosse em versos também hahaha.
Obrigada, Gio!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Faz tempo que li alguma coisa de Shakespeare. Peguei alguns exemplares em uma leva de e-books gratuitos por conta do aniversário do autor, mas ainda não li. Espero reler Otelo em breve, já que estou lendo Dom Casmurro e existe uma conexão entre as obras. Agora, Hamlet eu realmente só conheço de ouvir falar. Linda resenha!
CurtirCurtido por 1 pessoa
Agora é minha vez de dizer que só ouvi falar, porque nunca li Otelo nem sei nada a respeito.
Vc gostou de Otelo?
Obrigada, Carol! 🙂
CurtirCurtido por 1 pessoa
Gostei muito, Isa! Eu li em um curso gratuito que abriu uma vez no Cultura Inglesa, pouco depois que eu terminei o inglês, foi muito legal! Era um curso de Shakespeare e a primeira obra era Otelo. Pena que eu não pude dar continuidade, mas valeu muito o pouco tempo que eu fiquei. ☺️
CurtirCurtir