“Entendeu ou quer que eu desenhe?”. Você já disse ou pensou isso em algum momento na sua vida, e quando isso aconteceu, provavelmente você se irritou com a pessoa ou teve de respirar bem fundo, revirando os olhos, ainda que só mentalmente.
Ocorre, porém, e com mais frequência do que imaginamos, de algo na nossa cabeça parecer óbvio demais e na verdade não ser.
Para garantir que a mensagem esteja sendo transmitida corretamente e seja facilmente assimilável por qualquer pessoa, os livros do Fredrik Backman costumam ser “o desenho” e não a presunção do óbvio. Quem nunca leu nada dele pode até estranhar no começo, achar seu texto bonachão, de um roteiro típico de filme de sessão da tarde, com seus eventos absurdos e personagens irritantes, a quem, caso topássemos com eles na vida real, certamente iríamos dirigir a pergunta que abre esse post. Pelo menos num primeiro momento. Até descobrirmos o quanto estávamos errados em nossas suposições, e ver que de “burro” o outro não tem nada. Ou talvez, quase nada.
“Anxious People” foi o mais escancarado nesse quesito até agora, sobre como assumimos saber o que passa pela cabeça do outro sem sequer o conhecer de verdade. E logo o taxamos de “idiota”. Pra reforçar essa primeira crença aparentemente inabalável, o narrador logo avisa desde o início: “esta é uma história sobre idiotas”. E verdade seja dita, talvez, o idiota sejamos nós mesmos.
O livro também abre dizendo ser uma história sobre um assalto a um banco e os piores reféns do mundo, que estavam no lugar errado na hora errada, mas talvez estivessem no lugar certo na hora certa.
Para mim, “Anxious People” é um livro cômico que tece as mais divertidas situações para nos mostrar sobre primeiras impressões, e como elas são geralmente equivocadas. É um livro que ensina o poder da empatia, da escuta, da difícil tarefa diária de nos relacionar com outros seres humanos, mesmo quando sangue do nosso sangue, e, ao mesmo tempo, como temos coisas em comum com as pessoas que julgamos completamente diferentes de nós, nem que seja a ansiedade.
Ainda que eu tenha dito que os livros do Fredrik Backman sejam facilmente assimiláveis, seu conteúdo nem sempre é de fácil digestão. E aqui é exatamente o caso. Nesta obra, o autor traz à superfície temas delicados como suicídio, dependência química, entre outros, mas sempre de uma forma leve, em forma de anedota. E então somos pegos desprevenidos. Estamos rindo alto com a história e, de repente, Backman puxa o tapete sob nossos pés e caímos, tal qual a vida costuma fazer conosco. Mas a questão é justamente essa. Você está ouvindo, mas muitas vezes não está escutando. E aí a rasteira vem.
Assim como os outros, esse livro é repleto de trechos que dão ótimas citações. Se você é do time que faz anotações no seu exemplar, prepare suas canetas e flags!
Amei “Anxious People”, assim como todos os outros livros do autor que eu já li. Esse, porém, está provavelmente encabeçando o topo da lista, e creio que não poderia ter lido num momento melhor, já que nele é explorado bastante o tema parentalidade.
Com a sensibilidade de sempre, ao inserir em frases tão curtas verdades tão grandes, Backman nos mostra a complexidade do homem e o tamanho que seu coração pode ter: infinito.
Dados Técnicos do Livro:
Formato : eBook Kindle
Autor: Fredrik Backman
Editora: Atria Books (8 de setembro de 2020)
Número de páginas : 349 páginas – Tamanho do arquivo : 2042 KB
ASIN : B082J5KYG6
Muito interessante o livro!!!
Para não sermos mal educados, aparentemente ouvimos e prestamos atenção, mas, realmente, nem sempre escutamos, sentimos as pessoas. Muito menos as compreendemos… a reação, geralmente, vem em forma de crítica …
É a pressa? falta de prioridades? falta de valores e princípios?
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Isaaaaaaaa! Socorro que eu quero esse livro pra ontem! Você está me fazendo amar um autor que eu nunca li haha! Me ganhou em tudo nessa resenha, mas principalmente com a frase: “E verdade seja dita, talvez, o idiota sejamos nós mesmos.”. AMEI!
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Hahaha, Fredrik Backman é ótimo pra descontrair, vai por mim.
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