Sinopse:
“A Beleza narrativa da escritora Geny Vilas-Novas retorna em sua melhor forma neste novo romance, “O vento gira em torno de si” (Ed.7Letras). A Filha de Olhos Cor de Esmeralda, Capuchinho de Algodão estão de volta. Através de cenas do cotidiano protagonizadas por eles e outros personagens, vão se desvelando inquietações, reflexões e iluminações sobre a própria Vida, a natureza e obras da literatura universal como a Bíblia, a Íliada e a Odisséia de Homero, pontuadas pela terrível realidade que chega através das notícias de jornal.
“Geny Vilas-Novas nasceu e cresceu em uma fazenda às margens do Rio Doce, devastado pelo rompimento da barragem de Mariana (MG), 2014. Sua prosa circular, doce, nos embala como uma cantiga mineira enquanto nos comove, assusta ou faz rir, sendo que tudo sempre se acalma com as aparições de Coélet, por quem inevitavelmente terminamos nos apaixonando. “O vento gira em torno de si” é leitura que alimenta a alma.”
Minhas impressões
Antes de mais nada, queria agradecer mais uma vez à Valéria da @oasyscultural por mais uma parceria, e por ela ter pensando em mim ao escolher este livro.
Quando li a sinopse acima, fiquei encantada, porque, mais uma vez tocada pela sensibilidade da maravilhosa Eliane Brum, já havia um tempo que eu queria muito ler algo que retratasse de alguma forma mais pessoal o olhar de alguém que viveu a morte do Rio Doce, ainda que fosse por ter enterrado forçadamente suas memórias junto à lama, caso da escritora mineira Geny Vilas-Novas.
E foi com sede desse olhar que eu iniciei a leitura de “O vento gira em torno de si”, mas a verdade é que eu não estava preparada para o que iria encontrar no livro. Em minha ingenuidade, coloquei no livro minhas expectativas não digo nem em alta conta, mas simplesmente de encontrar ali minhas angústias e a cura para elas.
Há algumas semanas não estou bem, confesso, e tenho tentado aplacar esse sentimento de inúmeras maneiras; a leitura sendo uma delas, como não poderia ser diferente.
O que eu esperava então dessa leitura? Como se daria a cura para o que venho sentindo?
Imaginava que nas palavras de Geny eu encontraria o conforto de quem teve de fazer as pazes com a catástrofe que apagou toda uma região que transbordava recordações, memória e história e, assim, quem sabe, apaziguar também a mim. Mas este foi um pensamento um tanto egoísta de minha parte. Essa é uma busca completamente pessoal, e, se esse metaromance tecido em fragmentos de textos (ou contos, se preferir), remete ao rodopio do vento em torno de si mesmo, a sensação que tive com ele foi de ingressar num redemoinho.
Não encontrei nele a cura que esperava, pois conforme avançava as páginas, sentia que o vento tornava-se mais forte e que havia uma promessa de ciclone. Felizmente o ciclone nunca veio, mas tampouco a calmaria.
Em “O vento gira em torno de si”, a narradora divaga sobre suas leituras dos evangelhos, dos livros de história e dos escritos de Homero, enquanto as notícias do nosso mundo real vão chegando até ela. Essas divagações são sua válvula de escape, mas neles só encontrei a certeza de que o mundo sempre foi terrível. Se isso a conforta, fico imensamente feliz por ela, no entanto, não funcionou comigo.
Como acredito que leitura seja algo muito pessoal e do momento (da fase que estamos vivendo, da bagagem que já carregamos conosco através de nossas vivências), não é um livro que eu descartaria em absoluto a recomendação, mas a faço com todas as ressalvas possíveis, porque tendemos a procurar nos outros um espelho, quando na verdade elas deveriam ser janelas e nos ampliar os horizontes, nos fazer pensar diferente, e por vezes nos frustramos quando não encontramos aquilo que almejávamos.
Mas tola fui eu com as minhas expectativas. Tragédia alheia não é uma forma de escapismo. Eliane Brum já havia feito o alerta, e mesmo assim, o que eu buscava era uma “história de superação”, um “conto de Natal”.
Dados Técnicos do Livro:
Capa comum: 192 páginas
Autora: Geny Vilas-Novas
Editora: 7letras (1ª edição, outubro de 2020)
ISBN 978-65-86043-89-
*Exemplar recebido em parceria com a Oasys Cultural.