Mais uma biografia maravilhosa que tive o prazer de ler! Trata-se da primeira biografia escrita sobre Tolkien, originalmente publicada em 1976, de Humphrey Carpenter. Obviamente, a edição a que tive acesso foi uma tradução para o português, bastante recente, publicada em 2018 pela HarperCollins Brasil, a nova casa do Toklien no país. Esta é a biografia considerada oficial, embora a obra posterior de Michael White (o qual usa como uma de suas fontes o próprio livro de Carpenter) também seja muito elogiada.
John Ronald Reuel Tolkien, eternizado como J. R. R. Tolkien, nasceu em 3 de janeiro de 1892, em Bloemfontein, na África do Sul. Talvez fosse dispensável dizer, mas nem todos que aqui chegam, vagando sem rumo, são leitores de longa data ou mesmo leitores habituais, assim, apresento-lhes, grosseiramente, Tolkien, o ilustre escritor de uma das obras mais famosas da literatura, “O Senhor dos Anéis”. Outras obras também famosas são O Hobbit e O Silmarillion. Mas Tolkien não foi apenas um escritor. Ele também foi um renomado filólogo e professor em Oxford, e seu fascínio pela linguística provavelmente teve grande participação na criação de suas obras literárias.
Por eu ser uma pessoa que tem muito interesse e curiosidade por diferentes línguas e idiomas, fiquei encantada em saber da paixão que tais temas despertavam em Tolkien. Achei surpreendente pensar que a sonoridade das palavras de um diferente idioma pode trazer a mesma sensação de prazer que cabe à música para a maioria das pessoas, e como ambas, de fato, envolvem nossas lembranças e emoções.
Não sei vocês, mas eu confesso que não sou muito de ficar procurando por novas tendências musicais (bandas, ritmos, cantores, etc). A maioria das músicas que escuto entra na minha “playlist” e permanece ao longo da vida, porque cada uma delas entrou num momento específico e marcante para mim e tenho com cada uma delas uma ligação afetiva. Tolkien, ao que Carpenter diz, criou um laço afetivo também com a linguística porque ele a associava com sua mãe, a quem perdeu ainda jovem. Foi ela quem lhe apresentou pela primeira vez sons tão distintos, através do latim. Essa carga afetiva estende-se também para a religião, que Tolkien exerceu com fervor, porque também era uma forma de conexão que tinha com sua mãe.
Achei muito agradável a escolha do autor em trazer um pouco de bagagem para o leitor sobre as raízes familiares de Tolkien, mas só até onde elas se mostram necessárias. Infelizmente, já tive o desprazer de me deparar com biografias de outros gênios do mundo em que os autores colocam o leitor diante de uma verdadeira saga, obrigando-os a vencer páginas e páginas sobre parentes de uma extensa árvore genealógica que de nada nos serve para desvendar a criação de suas obras-primas.
Concordo com Carpenter, que compreende que não podemos sondar a mente de um escritor analisando seu cotidiano e sua vida, e que dirá da análise de uma longa cadeia hereditária. Por outro lado, algum conhecimento sobre seus pais e avós, e de como Tolkien foi criado, vem a somar nossa admiração por seu feito.
A escrita de Carpenter é muito prazerosa, mesmo quando nos traz detalhes mais técnicos sobre a carreira acadêmica de Tolkien. À certa altura do livro, um pouco antes da metade, tive um pouco de receio de que, daquele ponto em diante, a leitura se tornaria enfadonha, porque o autor tratava de tecnicidades que não me interessavam nem um pouco, e temia que aquilo se tornasse comum ao longo da leitura. Felizmente, isso durou poucos parágrafos, os quais, superados, serviram como verdadeiros portões para o ingresso do melhor do livro: os capítulos que tratam do desenrolar da criação de “O Senhor dos Anéis”, e do longo percurso de 12 anos que a obra levou para ser escrita e publicada.
Algumas passagens me emocionaram tanto que me peguei lendo páginas e páginas em voz alta e apaixonada — para ninguém em específico, já que eu me encontrava sozinha. Foi uma experiência adorável a que tive com esse livro, e, para uma fã do gênero biografia, com certeza, uma das melhores e mais bem escritas que já tive o prazer de ler.
Se você chegou até aqui, agradeço muito, mas preciso fazer uma confissão. Até hoje, do Tolkien, só li “O Hobbit”. Antes de partirem para os julgamentos, porém, devo dizer que o intuito da leitura desta biografia foi justamente o de me animar a ler “O Senhor dos Anéis”. Eu havia tentado lê-lo há uns bons 10 anos atrás, e o larguei, eu me lembro muito bem, na décima página do livro. A ideia é que, ao conhecer melhor sobre o mestre, eu me pusesse não a tentar ver a obra do autor por outra perspectiva, mas efetivamente visse o autor por trás da obra. Foi assim, lendo uma biografia, que eu me encantei e me tornei fã de “Alice no País das Maravilhas”. Por que não poderia essa leitura, portanto, servir de forte inspiração para que eu me encantasse finalmente com “O Senhor dos Anéis”?
Você já teve alguma experiência parecida? É assim que espero que aconteça comigo novamente. Se não for o caso, pelo menos agora consigo entender porque minha amiga Marie, gosta tanto de Tolkien. Dedico, aliás, essa leitura e esse post a você, amiga, que com certeza foi a pessoa que incutiu em mim a vontade de conhecer mais sobre esse grande escritor! Meu muito obrigada! E que venham sempre boas influências literárias assim!
Informações adicionais sobre o livro:
Capa dura: 384 páginas
Editora: HarperCollins; Edição: 1ª (1 de agosto de 2018)
ISBN-10: 8595083622 — ISBN-13: 978-8595083622
Título original: J. R. R. Tolkien – a biography
Livro adquirido em Livraria da Vila – Loja Aurora (Londrina/PR).
Aim, que resenha maravilhosa!!! Eu comecei a ler o livro esse fim de semana e, assim como vc, também espero que abra portas para O Senhor dos Aneis. O Hobbit eu li pela primeira vez em 2012 e quero reler esse mês tbm. Me marcou mto e é meu livro preferido da vida! Fiquei empolgada pra terminar logo a biografia, rs. Essa edição tá incrível! Bjos e parabéns pela resenha! ❤
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Obrigada, Andressa! Sei que os estilos de O Hobbit e O Senhor dos Aneis são bem diferentes… mas estou animada… só preciso que um amigo me empreste os livros hahahah
Espero que goste da biografia, depois quero saber suas opiniões!
Bjos
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Ahhh, eu te emprestada se vc morasse aqui, KKK! Pode deixar, vou resenhar assim que terminar de ler! Bjinhos! ❤
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Kkkkk, que pena que não somos da mesma cidade. Mas agora fica a minha pergunta: vc é realmente uma pessoa que empresta livros sem dó? Pq eu pondero muito pra quem emprestar e quais livros 🤣🤣🤣
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KKK, pra vc eu emprestava pq 1) vc é leitora e 2) vc sabe o que é ter cuidado com os livros, aí emprestava tranquilinha, rsrs. Mas pra falar a vrdd, embora eu tenha ciúme, tô num processo de desapego mto grande então tem vzs que até ofereço!
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Hahahaha, awnn ❤ é tudo verdade hahaha… eu tbm sou bem ciumenta, mas estou começando a praticar o desapego, porque muitos livros que tenho estão parados (li uma vez e provavelmente não terei tempo de lê-los novamente, já que sempre surgem novos livros que eu quero ler), e poderiam estar sendo melhor aproveitados com outras pessoas.
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É exatamente isso que penso! Esse ano já separei mais de 100 pra venda, rs! ❤
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Deve ser bem melhor conhecer a obra de Tolkien iniciando bela biografia. Se algum dia eu for ler a obra dele, quero começar pela biografia. 🙂 🙂 🙂
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Gosto de biografias. Acho interessante conhecer a trajetória das pessoas. Sempre há algo a aprender. Nada li ainda do mestre Tolkien, mas, com certeza, deixou grandiosas obras.
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Também gosto muuuito de biografias, todas elas têm muito a nos ensinar sobre a vida.
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Você não sabe a alegria que fiquei com a sua leitura desse livro e essa resenha incrível! Você acertou de mão cheia! Como já disse Humphrey Carpenter descreve com mais afinco nosso querido Tolkien, apesar de que White não fica tão atrás. Eu consegui fazer aquele leitura “Dia dos Namorados”, apesar de ter levado mais tempo – espero conseguir postar logo a resenha. Espero continuar compartilhando e influenciando nas suas leituras, assim como você influencia na escolha das minhas.
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Meu marido não terminou até hoje é por isso não rolou resenha dupla dessa vez 😂😂😂
E com certeza vc vai continuar me influenciando, pq é pra isso que servem amigos literários 😍😍
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Ótimo. Eu também comecei por O Hobbit, apesar de meu primeiro livro de Tolkien ter sido sua obra máxima, O Senhor dos Anéis, que ganhei de presente. Depois, ainda fui para O Silmarillion, antes de acompanhar a saga da Sociedade do Anel… kkkk
A obra de Tolkien é para mim a obra máxima da literatura fantástica, o rei da literatura de alta fantasia. E a coisa mais impressionante que já li. Se tivesse que atribuir nota, daria um 11 para a obra “Harry Potter”, e 12 para “O Senhor dos Anéis”. São muito acima dos melhores, assim como Tolkien é um escritor que, enquanto mestre de letras, línguas e literatura, jaz muito acima dos demais grandes autores.
Um abraço, Isa.
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