Que cada cosa cruel sea tú que vuelves – Júlio Cortázar (seleção por Ana Becciu)

Este post não é uma resenha, nem de longe. Está mais para um desabafo. Quem puder jogar alguma luz que seja sobre esta obra, serei-lhe muito grata!

Faz muito tempo que prometi a mim mesma que leria alguma coisa de Júlio Cortázar, principalmente se tivesse a chance de visitar novamente sua Buenos Aires querida. Sou tomada um pouco pela vergonha (um pouco porque também sei que assumi muitos outros compromissos comigo mesma — e com outros —, e a maioria deles cumpri. Ninguém é de ferro) porque estive agora em junho na “Baires” de Marlango, e ainda não havia lido nada dele.

Felizmente, em visita à belíssima livraria El Ateneo, fui surpreendida por um pequeno livro de poesias de Cortázar, já que eu nem fazia ideia que ele também escrevia poemas. Não tinha intenção alguma de comprar mais livros no mês de junho, porque já tinha estourado a minha cota, e também, numa viagem um pouco mais modesta, não queria comprar muita coisa e eu nem tinha direito a despacho de bagagem. Mas o seu tamanho parecia tão inofensivo, que eu me rendi prontamente.

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Acabei de ler o livro, depois de algum tempo — todos lidos em voz alta, declamados pessimamente por um espanhol “pra lá de enferrujado” —, e ainda não sei dizer exatamente do que se trata a maioria dos poemas. Entendo as frases, consigo lê-las, mas não sou capaz de interpretá-los como creio que deveriam ser interpretados. Fiquei mais tranquila ao ler as resenhas dos hablantes de español e perceber que a maioria tampouco parecia compreender sobre o quê os poemas falavam, ainda que, assim como eu, pôde enxergar uma beleza indiscutível em seus versos.

Porém, para mim, vejo como uma experiência ainda mais crua, já que é meu primeiro contato com qualquer texto de Cortázar. Gostaria muito de ler algum conto dele, para ao menos poder comparar como escreve, já que neste pequeno livro Cortázar nos é apresentado como alguém que “era um poeta até quando escrevia em prosa”.

O livreto faz parte de uma coleção chamada “Poesía Portátil”, e já vi que há poemas de outros escritores também, o que me interessou bastante, já que sempre gostei muito de poesia. Porém, por se tratar de poesias selecionadas, provavelmente houve um tema, um contexto, um critério pensado por Ana Becciu que a fez agrupá-los num único volume. Gostaria muito de saber quais foram eles, e me frustrou um pouco não haver maiores explicações para tanto. Talvez nos ajudasse a entender melhor.

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O que posso dizer, porém, é que há uma clara intensidade na maioria dos poemas trazidos, e que ora se traduzem em dor, em sofrimento, ora em paixão, mas cuja força não nos provoca uma reação de perturbadora, mas um certo grau de empatia e reflexão.

Para leer en forma interrogativa

[…]Has tocado/ de verdad has tocado/ el pato el pan la cara de esa mujer que tanto amás/ Has vivido/ como un golpe e la frente/ el instante el jadeo la caída la fuga […]

Há referência a vários nomes que desconheço também, o que torna tudo mais difícil para minha compreensão. Felizmente, um dos nomes citados é o de Carlos Drummond de Andrade, e vê-lo consagrado na poesia de Cortázar me deixou muito encantada, já que gosto muito da poesia de Drummond de Andrade.

Se o livro não me pareceu o suficiente para que eu possa afirmar que já li algo de Cortázar de fato, ao menos me fez ver que eu realmente preciso ler seus contos.

Você já leu algum livro de Cortázar? Teria alguma recomendação para mim?


Informações adicionais sobre o livro:

Capa comum: 72 páginas

Editora: Literatura Random House (25 de setembro de 2018)

ISBN-10: 8439734611 — ISBN-13: 978-8439734611

Idioma: Espanhol

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