Dia dos Pais: obrigada

Domingo, Dia dos Pais.

Nesta data comemorativa, não vim trazer nenhuma dica de presente para os papais, mas apenas tentar agradecer ao meu pai de alguma forma.

Quando penso na minha infância, lembro-me de muitos momentos especiais. Dentre eles, estão recordações de meu pai brincando comigo e com meus irmãos, ou se ocupando com afazeres que envolviam nossa diversão: limpar a piscina para podermos aproveitá-la nos dias quentes de verão, nos levar para a praça Nishinomiya ou para o Zerão para escorregarmos com o papelão (quem nunca, gente?), nos ensinar a andar de bicicleta, construir os brinquedos do Manual de Aventuras do Cebolinha (a perna-de-pau e o carrinho-de-rolimã), e tantas outras coisas…

Mas além dessas situações, houve momentos que pertencem somente a mim e meu pai. Pode ser até que as coisas não tenham acontecido da maneira como vou lhes contar, mas vocês sabem como é a memória de uma criança. Quem já leu O Oceano no Fim do Caminho que o diga.

Com uma margem para distorções, foi mais ou menos assim: eu me lembro de uma noite que não conseguia dormir, porque tinha muitos pesadelos. Era algo recorrente, mas provavelmente eu estava cansada de ter tantas noites ruins. Uma dessas vezes eu o acordei, porque não conseguia dormir. Ele me pediu para eu lhe contar o que eu estava sonhando, porque falar iria fazer com que eu não tivesse mais tais pesadelos. Eu então eu lhe contei, e foi realmente a última vez que tive aqueles pesadelos.

Lembro também que ele lia às vezes na cama para mim. Um dos livros era O que eu vejo, acho que era esse o nome do livro. Procurei-o pela internet, mas sem sucesso. Era um daqueles livros com páginas bem grossas, resistentes à vivacidade típica das crianças, e contava a história de uma menina que passeava com o pai pela cidade, e o livro ia descrevendo tudo o que a menina via. Eu não sei se meu pai se lembra desse livro, mas eu me lembro bem.

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Foto: MabelAmber (via Pixabay)

Na verdade, gosto muito dessa recordação em especial, ainda mais por ter me tornado uma leitora ávida agora na idade adulta. Sinto uma espécie de nostalgia, e sou muito grata por essa memória, por ter vivenciado momentos assim. Muitos pais não têm o hábito de ler para seus filhos, ou nunca nem se preocupam em dar livros de presente, de fazer a criança tomar gosto pela leitura. Acho isso uma afronta às potencialidades do adulto que essa criança virá a se tornar um dia, e um desperdício de momentos tão especiais.

Outra razão que me faz ter um carinho especial por essa recordação é perceber o privilégio que tive de um pai presente, sobretudo na infância. Se você é um pai cujo filho ainda é um bebê, uma criança, viva esses momentos… brinque com ele, leia para ele, faça-o tomar gosto pela leitura. Um dia, ele irá retribuir esses momentos de alguma forma. Eu gosto de emprestar livros para meu pai. Confesso que ainda não sei muito bem as preferências literárias dele, mas aos poucos, fazendo as minhas próprias leituras, eu vou mentalmente separando o que acho que poderá interessá-lo.

Pai, se hoje sou uma leitora, pode ter certeza que você tem uma grande participação nisso, e eu lhe sou eternamente grata!

Feliz Dia dos Pais, e que você continue lendo muitos livros. Te amo muito!

 

10 comentários

  1. Isa. adorei a sua postagem e das lembranças que deixei em você. Lembro que você desde pequena gostava muito de leituras e gostava que todos lessem para você. Minha maior felicidade é ver você feliz com que a leitura e os livros trazem a você.

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  2. Sem palavras para essa linda homenagem. Infelizmente não sei o que é isso já que nunca morei com meu pai e tão pouco fui incentivada por ele ou qualquer familiar na infância os hábitos de leitura. Você vai rir, em relação a pai o incentivo veio de quando eu entrava no escritório dele e via aquelas estante com incontáveis livros e pensava que um dia queria ser assim também – me aventurar através da leitura. Mas, como racional que meu pai é, ele gosta apenas de determinadas obras, segundo ele “aquelas que realmente faz sentido e nos ensina algo” a grosso modo – auto-ajuda, religião e por aí vai… Mas, teve um autor que nos aproximou e muito, apesar de ler apenas essa saga e não ter tido interesse em me aventurar em outros títulos foi a primeira leitura coletiva que fiz com meu pai que é a saga do prof. Langdon do Dan Brown – foi incrível! Se tornou um autor que ficou guardado no meu coração por ter me proporcionado esse momento. Outros momentos que tenho literários com meu pai é naquela revista Seleções onde tem a sessão “Enriqueça seu Vocabulário”, a gente sempre resolve junto e vê quem acerta mais! hahahahaha Enfim, já falei muito. Mais uma vez achei lindo esse post!

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    1. Antes de mais nada, obrigada pelos elogios.
      Minha mãe sempre foi também do tipo mais racional e antigamente em casa, tirando os livros de criança, só tinha livro de autoajuda e as enciclopédias que meus pais compravam. Daí depois de um tempo minha mãe começou a comprar os livros mais vendidos que aparecia na revista Veja. Foi assim que lemos O Código da Vinci e Anjos e Demônios hahaha. Mas na verdade, mais tempos depois, minhas influências vieram sempre dos meus namorados, e apesar de todos os problemas que tive, sou grata por ter me tornado uma leitora nesse período.

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