Interessei-me por ler este livro, na verdade, ao saber que Terry Eagleton é um dos mais renomados críticos literários do mundo. Embora eu não me recorde de ter lido nada especificamente de crítica literária em algum momento da minha vida, depois de passar meu terceiro ano dedicada a ler livros e passar minhas impressões para frente (o que, a despeito de muitos elogios de amigos, familiares e leitores carinhosos, eu não encaro como sinônimo de crítica literária), confesso ter sim curiosidade sobre o assunto.
Mas “Humor” não é um livro puramente sobre crítica literária — como seu título já deixa bem claro. Nesse campo, meu interesse teve de se limitar à literatura servir como fonte das inúmeras referências que aparecem no livro. Assim, ao começar minha imersão em suas páginas, fui tomada por um pequeno susto, por ter esperado uma proposta BEM diferente de leitura. Logo no primeiro capítulo, porém, entendi o que eu deveria esperar dele, e parece ser um bom ponto para o leitor decidir se quer ou não prosseguir na empreitada. Este é um livro sobre humor, mas não é um livro feito para rir. Juro que nem esperava rir (e até ri um pouco), mas esperava encontrar nele uma análise mais clara sobre o papel do riso na cultura. Que o livro gere lá muitas reflexões sobre o papel do humor e suas variantes na cultura, eu não nego, mas seu completo entendimento é frustrado para quem como eu, tem parcos conhecimentos filosóficos.
Essa perspectiva filosófica caminha lado a lado com a psicanálise e ambas fogem bastante da minha zona de conhecimento conforto como leitora. Ainda assim, creio poder afirmar que o texto de Eagleton é confuso mesmo para quem os muitos nomes de filósofos e críticos soam familiares ou até sejam figuras carimbadas nas leituras acadêmicas de rotina. Porque, basicamente, Terry Eagleton parece coletar e apresentar de forma desordenada as teorias e conceitos de humor, tecendo suas próprias críticas a tais teorias, e muitas vezes acrescentando sua própria carga de humor, que, para minha tristeza, não fizeram eu dar tantas risadas como prometido por ele mesmo em sua Introdução. As principais teorias apresentadas giram em torno da de Mikhail Bahtin (com seu caráter um tanto idealizador do riso como contraposição ao autoritarismo), do alívio, da superioridade e da incongruidade, e ao mesmo tempo que delas tomei conhecimento, terminei o livro sem saber como conceituá-las.

Os capítulos também não parecem conversar muito bem entre si, e a impressão que fica é a de que um tema que deveria ser tratado em um acaba aparecendo em outro (como o capítulo 4, intitulado “Humor e história”, que parece abordar mais o humor ligado à política propriamente do que no capítulo 5, intitulado “A política do humor”). Mesmo o encerramento do livro tem um fim brusco, que, embora tenha sua pitada humorística, é repentino demais até para um show de comédia que pretende finalizar de forma impactante.
Se é uma leitura que recomendo? Sinceramente, apenas se você tiver muito interesse sobre o assunto e, de preferência, tenha uma boa bagagem filosófica nas costas. Se não for o caso, é recomendado ao menos ter a disposição de ler todas as referências bibliográficas citadas. Não foi uma perda de tempo, mas sinto que aproveitei muito pouco dessa leitura, infelizmente. E, cá entre nós, não é um pouco frustrante terminar um livro que trata sobre o humor de forma desanimadora? Eu achei.
Você já teve algum livro com o qual se decepcionou também porque ele prometia uma coisa e entregava outra totalmente diferente? Deixe nos comentários se você entende essa minha sensação.
Dados Técnicos do Livro:
Capa comum: 154 páginas
Autor: Terry Eagleton
Editora: Record; Edição: 1 (4 de maio de 2020)
ISBN-10: 850111748X – ISBN-13: 978-8501117489
Título original: Humour
Edição recebida em parceria com o Grupo Editorial Record.
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