Cancelei minha assinatura do Intrínsecos e assinei o Kindle Unlimited

Sei que sempre defendi a preferência de compra de livros através de livrarias, principalmente independentes, e de editoras, se a compra fosse online. Mas cheguei num ponto da vida em que foi preciso fazer uma série de ajustes pra que a leitura, algo que amo tanto, ainda coubesse no meu cotidiano. 

Eu era assinante do clube desde o início. Sempre quis assinar um box mensal de livros desde que soube que na “gringa” a coisa estava dando super certo. Quando os primeiros clubes de assinaturas começaram a sair aqui no Brasil eu pesquisei muito para decidir qual serviço teria mais a minha cara, e acabei muito satisfeita escolhendo pelo da Ed. Intrínseca.

E então uma nova pessoa chegou à família. A casa que parecia confortável para mim e meu marido apenas tornou-se repentinamente pequena. Sei que o mais importante para o bebê num lar é o amor dos pais, e que muitas aquisições são supérfluas e mais destinadas a diminuir a ansiedade dos pais que o anseio da própria criança, mas penso que todos pais querem dar o maior conforto possível para os filhos também. E aí começam os entulhos (ou a bagulhificação, para os fãs de Philip K. Dick). Não só de coisas do bebê, mas a gente começa a ver que ao longo da vida juntou muitas coisas desnecessárias. Então é preciso uma mudança.  

No meu delírio nada comunista essa mudança se daria para um lar maior, capaz de comportar tudo que eu e meu marido trouxemos da vida passada até aqui, mas isso não é razoável e nem viável no momento. Então a mudança teria de ser comportamental.  

Olhar para minha estante de livros que parecia se multiplicar numa progressão maior do que eu estava sendo capaz de ler estava me deixando muito ansiosa e mal. Quem me acompanha mais fielmente sabe que estou lendo majoritariamente livros digitais, enquanto faço meu filho dormir no meu colo, e não sobra tempo para abrir livros físicos. 

Continuo comprando livros físicos? Sim. Na esperança de poder voltar a lê-los um dia, mas são livros que escolhi a dedo, diferentemente de um serviço de assinatura que me manda um livro que não tenho certeza se lerei algum dia. 

Fora isso, tenho tentado me desapegar de alguns livros, para “desentulhar” a estante. Os livros do Intrínsecos acumulados até agora ainda estou pensando muito, porque embora não tenha lido todos, criei um vínculo afetivo muito forte com eles, mas não descarto a possibilidade de abrir mão deles um dia. Só sei que não queria juntar além dos que já adquiri até então. 

E assim, a assinatura do Kindle Unlimited me pareceu muito tentadora. Eu poderia continuar lendo meus e-books como tenho feito, mas com muitas opções inclusas no pacote. 

Tem sido uma experiência muito boa. Desde que comecei a assinar, acumulei alguns na biblioteca digital que ainda aguardam a vez (a gente muda o comportamento, mas nem tanto. Pelo menos não juntam pó na vida real), mas também li alguns livros que não imaginava que leria tão cedo: Lugar de fala, da Djamila Ribeiro, por exemplo, e, no momento, sigo lendo Ao Farol, de Virginia Woolf. Não sei por quanto tempo ficarei com o Unlimited, já que pretendo sim ter uma linda biblioteca física em casa.

Por outro lado, adorei ter assinado o Intrínsecos também, mas acho que não voltarei a assiná-lo mesmo quando puder retomar a leitura de livros físicos. 

Sei também que ainda visitarei muitas livrarias e bibliotecas e tentarei incutir o apreço por tais espaços em meu filho, mas vou vivendo cada fase da vida da forma como é possível. 

Tudo na vida são momentos e escolhas. Como está sendo o seu momento?