Miniaturista – Jessie Burton, e Rijksmuseum

Miniaturista é o romance de estreia de Jessie Burton. Aqui no Brasil, o livro foi publicado pela editora Intrínseca em 2015.

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Confesso que, assim como muitos livros, Miniaturista chamou a minha atenção pela capa e pelo preço atrativo na Amazon. Eu tenho mania de comprar livros sem nem ler a sinopse. Ora, me julguem. Quem nunca?

Mas, para minha alegria, foi um livro que me agradou muito! E por quê?

  • Primeiro motivo: porque a história se passa na Holanda, que é um país pelo qual eu morro de amores. Mais especificamente, a história se passa na Amsterdã de 1687, na época áurea da Companhia Holandesa das Índias Orientais, ou VOC (Vereenigde Oost-Indische Compagnie), como era conhecida então.
  • Segundo motivo: como vocês podem perceber pelo ano em que se passa o enredo, o livro é do gênero ficção histórica, ou romance histórico. Esse é meu gênero favorito, desde que li meu livro preferido do John Boyne (O garoto no convés). No caso de Miniaturista, além dos costumes, da cultura, e da ambientação que foram utilizados como elementos históricos para transportar o leitor à época intencionada, a trama se desenvolve entorno de um objeto que existiu e existe até hoje e está em exposição no famoso museu de Amsterdã, o Rijksmuseum. O objeto em questão é uma casa de bonecas que pertenceu a Petronella Oortman. Petronella, inclusive, é a protagonista do livro, e seu marido, Johannes Brandt também existiu na vida real. Em que pese ambos tenham realmente existido, os personagens e suas personalidades são fictícias. A própria autora, Jessie Burton, declarou que pouco há de biográfico no romance.
  • Terceiro motivo: estamos lidando com um livro que poderíamos chamar de “livros com mulheres fortes”. Petronella, ou Nella, como é mais chamada no livro, vai pouco a pouco surpreendendo o leitor com suas condutas corajosas, à frente de seu tempo e acima de tudo, nobres, desafiando os costumes de uma sociedade com regras bastante rigorosas. Nella também se transforma ao longo da narrativa. Assistimos à sua evolução e gostamos do que vemos.
  • Quarto motivo: o livro abre brecha para discussões acerca do preconceito, o que ultimamente tem sido uma temática que tenho gostado muito de encontrar nas histórias. O último livro nesse sentido que me agradou muito foi “As Fúrias Invisíveis do Coração“, de John Boyne, cujo post já pintou aqui no blog. Em Miniaturista há uma infinidade de preconceitos que poderiam ser debatidos: a figura da mulher, o estrangeiro, o machismo, a cor, o status social, o estado civil, e, em maior peso, a orientação sexual. É pavoroso se deparar com o arcaico pensamento acerca da sexualidade que reinava no século XVII, mas o livro acaba se tornando uma boa oportunidade para nos questionarmos: “será que evoluímos desde então?”
  • Quinto motivo: é um bom livro. Se você gosta também do gênero romance histórico ou ficção histórica, Miniaturista merece uma chance na sua concorrida lista interminável de livros para ler. Jessie Burton tem uma narrativa gostosa. Ao mesmo tempo em que escreve com elegância, sua abordagem é sempre muito clara. Ela também consegue criar uma atmosfera de suspense em meio a vários outros cenários, tais como a irritação e determinação da protagonista e o drama familiar. Burton recria a sociedade holandesa com muita maestria. Ela conta que passou apenas 7 dias na capital holandesa, mas que levou cerca de 4 anos para conseguir finalizar a obra. Ora, indício de que realizou muita pesquisa e que se dedicou muito para a concretização da história. E o resultado é incrível! Ainda que você nunca tenha estado em Amsterdã, vai conseguir mentalizar a umidade da casa de Petronella, a frieza do Herengracht congelado e a suntuosidade da Stadhuis.

Ok, mas do que se trata o livro?

Miniaturista conta a história de Petronella Oortman, cuja mão é pedida em casamento pelo bem-sucedido comerciante da VOC, Johannes Brandt. Petronella, ou simplesmente Nella, muda-se para Amsterdã para iniciar sua vida matrimonial, com ideias ainda bastante ingênuas e românticas sobre o casamento. Quando chega à sua nova casa, não é bem acolhida e com certeza não se sente bem-vinda por sua cunhada, Marin. Para piorar, o marido de Nella, por conta de seus negócios, mal vê a mulher. Mas Johannes tem um bom coração e, à sua maneira, quer o bem de sua jovem esposa. Assim, para que Nella não se sinta entendiada na casa sem a companhia do marido, ele decide dar-lhe um caríssimo, porém inusitado, presente de casamento: uma luxuosa casa de bonecas. A casa é uma réplica da própria casa atual de Nella. De início, Nella fica desgostosa com o presente; “não sou mais criança”, pensa consigo mesma, e demora um tempo a voltar sua atenção à casa. Um determinado dia, porém, folheando uma espécie de catálogo de serviços da cidade, se depara com o anúncio de um miniaturista. Decidida a fazer algo então com seu tempo, ela faz encomendas ao artesão, que passa a entregar objetos para que Nella decore a requintada casa de bonecas. A partir da entrega do primeiro pacote do miniaturista, a vida de Nella se vê transformada para sempre, pois os objetos que chegam parecem predizer fatos que vão acontecer ao seu redor.

E aí? Ficou interessado na leitura do livro? E que tal saber um pouco mais da casa de bonecas que inspirou o romance de Jessie Burton?

Como havia dito, a casa de bonecas se encontra no Rijksmuseum (“Rijks” pronuncia-se Ráisks, com R de “baroa”), em Amsterdã, e faz parte de seu acervo permanente. Tive a oportunidade de vê-la em 2015, mas na época ainda nem conhecia o livro de Burton. Só de ler o livro, porém, fiquei com vontade de voltar ao museu só para ver novamente a casa. Infelizmente nem foto eu tirei. Mas fica uma aí do próprio site do museu.

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Casa de bonecas de Petronella Oortman – acervo Rijksmuseum

Mas o Rijksmuseum, independentemente da Dollhouse de Petronella Oortman vale muito a visita! Até porque, o famoso letreiro gigante escrito “I amsterdam” fica logo em frente ao museu. O Rijksmuseum é um museu de artes e história. Nele você irá encontrar obras de grandes mestres tais como Rembrandt e Vermeer. Do Rembrandt eu gostaria de voltar a falar dele num post futuro.

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Cartão postal com a foto do museu. Lindo, não?
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Cartões postais das obras The Night Watch e A Windmill on a Polder Waterway

Infelizmente, eu não tenho muitas fotos boas do Rijksmuseum. Essa de baixo foi tirada pelo marido, que conseguiu pegar toda a fachada do museu, em setembro de 2015.

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Também não gastamos muito tempo no museu, porque estávamos ficando em Leiden, e havia muitas coisas que queríamos fazer em Amsterdã sem ter de lá pernoitar. Mas queríamos muito ir ao museu porque ele possui uma biblioteca lindíssima, a Rijksmuseum Bibliotheek. Nenhuma de nossas fotos fez jus ao lugar, e por isso tem aí nas fotos um cartão postal dela.

Esse museu certamente me desperta muitas emoções. Lembro-me muito bem de que, ao sairmos do museu, um artista de rua tocava Bach. E depois de ter sido exposta a tantas obras grandiosas, e aquela música maravilhosa tocando, ecoando na minha cabeça… olha, eu me senti pequena, mas muito pequena. Não no sentido pejorativo, mas de humildade mesmo, pondo-me no meu lugar no universo, frente a tanta beleza que o ser humano é capaz de produzir. Às vezes eu gosto de ir a lugares assim e ver a grandiosidade do talento e da arte alheia e que não existe em mim, mas ao mesmo tempo me dar conta da grandiosidade de emoção, ao admirar tais feitos, que me percorre silenciosamente e sem fim.


Informações adicionais sobre o livro:

Título original: The Miniaturist

352 páginas

Editora: Intrínseca; Edição: 1ª (28 de outubro de 2015)

ISBN-10: 8580578167

ISBN-13: 978-8580578164


Informações adicionais sobre o Rijksmuseum:

Abre diariamente das 09:00 às 17:00.

A entrada custa €17.50 por adulto, e até 18 anos a entrada é gratuita. O ingresso pode ser comprado aqui.

Loja disponível para compra de souvenirs. Disponível guia em áudio em inglês.

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