Especial Dia das Mulheres: minhas autoras favoritas

Cada ano que passa tenho me preocupado em diversificar mais e mais as minhas leituras, mas fico feliz que ler mais mulheres, que começou aqui como uma meta, tenha se tornado algo bastante natural para mim a ponto de não ser mais uma escolha consciente. Claro que toda escolha é consciente, não é mesmo? Por “escolha consciente” eu quero dizer que escolhia ler/comprar determinado livro por ele ter sido escrito por uma mulher, ao passo que hoje, não sinto mais a necessidade de ter esse tipo de preocupação porque sei que há mais livros de autoras que de autores na minha estante, e, consequentemente, acabo lendo mais mulheres. Ainda assim, claro, continuo usando a #leiamulheres tanto aqui quanto no Instagram porque essa não é a realidade de todos os leitores ainda. Se você nunca refletiu sobre a importância de ler mais mulheres, indico esse meu post.

Este ano, portanto, já mais segura de ter chegado num patamar de leituras de mulheres que me agrada mais, vim contar para vocês quais são minhas autoras preferidas. Não tenho um ranking, porque acho simplesmente todas elas maravilhosas, ok?


Eliane Brum

Se tem uma mulher que escreve não-ficção com uma sensibilidade ímpar, esta é com certeza Eliane Brum. Além de colunista no jornal El País, ela também tem muitos livros publicados, alguns até em outros idiomas, e é autora premiada. Uma vez que se lê um texto dela, não há mais volta. Apaixona-se instantaneamente. Quem tem receio de sair comprando livro dela sem conhecer nada de seu trabalho, a dica é procurar alguma coluna dela sobre algum tema que lhe atraia. A vantagem é que essa opção é gratuita, bastando no máximo o cadastro junto ao site do periódico.


Isabel Allende

Isabel Allende é a autora viva de língua espanhola mais lida do mundo, e não é à toa. Sua escrita encanta os leitores pela facilidade com que os prende. Seus livros cobrem toda uma gama de emoções: de gargalhadas a lágrimas, somos lembrados constantemente da nossa condição humana, passíveis de falhas, mas também de acertos, por meio do perdão e da empatia.


Jenny Han

Jenny Han é a autora que eu sinceramente gostaria de ter conhecido na minha adolescência.

Descendente de japoneses, nem sempre foi fácil encontrar referências de pessoas amarelas na minha formação que não fossem meus próprios parentes (sim) e ícones da música pop japonesa, que só chegaram a mim através de parentes (de novo) e amigas também descendentes como eu. Você pode até ler isso e achar que não é nada demais, já que havia então alguma referência. Mas veja bem, meus ícones foram por um bom tempo as mesmas de uma prima minha de uma geração anterior à minha (temos uma diferença de mais de 10 anos), ou pior, as mesmas que serviram de referência para minha mãe. Só isso já devia dizer muito. Duvido muito que as referências pop da sua adolescência coincidam com às de sua mãe.

Claro que tive referências próprias de minha época, mas elas eram de mulheres brancas, e estou falando de representatividade. Jenny Han trouxe essa representatividade que eu não tive e fiquei super feliz que, ainda que tarde ela tenha surgido. Sua trilogia “Para todos os garotos que já amei” pode soar como apenas mais um clichê, mas como já bem foi dito na rede, “clichê só é chato para quem sempre se viu representado”. Não foi meu caso. E além disso, mesmo antes de ler a trilogia, Jenny Han já havia aquecido meu coração com um conto de Natal da coletânea “O presente do meu grande amor”.


Maya Angelou

Maya Angelou foi dessas escritoras que entrou na minha vida graças à bolha que é o mundo bookstagrammer. O que, na verdade, é um fato bastante injusto dada à potência que foi essa mulher.

Mas, ainda que injusto, já que seu nome permanece pouco conhecido aqui no Brasil, mesmo entre leitores, que bom que ele chegou até mim de alguma forma e que conheci parte de sua obra.

Maya Angelou é uma referência de mulher em muitas áreas, mas principalmente por seu ativismo frente à luta dos direitos civis das pessoas negras.

Seus trabalhos escritos vão desde à poesia à autobiografia, sendo “Eu sei por que o pássaro canta na gaiola” sua obra mais proeminente, cuja leitura, apesar de dolorosa, também é um verdadeiro alento.


Virgínia Woolf

Eis a mulher responsável por me fazer questionar sobre minhas leituras, se eu estava lendo mulheres o suficiente ou se elas estavam invisibilizadas inclusive nas minhas escolhas, sendo que a publicação também foi uma das muitas conquistas pelas quais as mulheres tiveram de lutar.

O livro responsável? “Um teto todo seu”, que foi o primeiro livro da autora que li. Indico sem restrições e espero poder ler “Mrs. Dalloway” ainda.


Becky Chambers

Becky Chambers é a mulher responsável pelo meu atual apreço pela leitura de sci-fis. Se antes eu torcia o nariz para o gênero, foi ela quem mudou isso.

Com uma escrita sensível e ao mesmo tempo utilizando-se do jargão científico, suas histórias cativam pela dimensão de seus personagens muito bem construídos e pelo imaginário positivo mesmo diante da criação de um universo onde o planeta Terra é um lugar inóspito.

Ler Becky Chambers é dar uma chance para a fé na humanidade.


Elisama Santos

Sei que parece difícil acreditar que apenas a leitura de um livro possa nos tornar fã de uma escritora, mas foi o caso com Elisama Santos. Obviamente, apesar de seguir com o cômputo de apenas um livro lido da autora, passei a segui-la no Instagram e por lá rolam textos maravilhosos que corroboram minha admiração por essa mulher.

Vim a conhecê-la através da parceria com o Grupo Editorial Record no ano passado, em que recebi um exemplar de “Por que gritamos”, e por estar grávida na época, e agora assumindo o papel de mãe, vejo o quanto tudo o que ela tem a dizer sobre comunicação não-violenta ressoa com os valores que acredito e quero passar para meu filho.

Mas não são apenas pais que deveriam ler seus livros, porque essa abordagem não-violenta é importante em todos os aspectos da nossa vida.

Quem não sabe, a escritora é convidada a dar palestras e cursos sobre o tema principalmente por empresas, ou seja, visando a manutenção de uma atmosfera agradável no ambiente de trabalho.

Em plena pandemia, embora muitas empresas tenham adotado o home-office, a leitura de seus textos continua sendo para mim muito importante, já que o estresse gerado pelo trabalho que costumávamos dissipar em casa agora muitas vezes sequer tem uma válvula de escape.


Essas são as mulheres cujos nomes basta eu escutar alguém falando que já quero entrar na roda da conversa (agora apenas virtual), tamanha minha admiração por suas obras, escritas, e vidas.

Claro que a tendência é não a lista mudar, mas aumentar, pois sempre vou conhecendo uma autora nova que facilmente ganha meu coração.

Mas e vocês? Qual sua autora ou quais suas autoras preferidas?

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7 comentários

    1. Que bom que tem sido assim! Aqui a mesma coisa, mas no começo, uns anos atrás, digo, eu tive de me impor a escolha de apenas mulheres pra coisa ir, infelizmente. Ainda bem que agora não é nem mais questão de hábito, e sim algo que simplesmente acontece com maior frequência, mesmo que sem querer.

      Curtido por 2 pessoas

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